Sergei Khadzhikurbanov foi condenado a 20 anos de prisãoAndrei Smirnov/AFP
Rússia perdoa cúmplice de assassinato da jornalista após preso combater na Ucrânia
Condenação aconteceu em 2006
O ex-policial russo Sergei Khadzhikurbanov, condenado a 20 anos de prisão por seu papel no assassinato da jornalista Anna Politkovskaya em 2006, recebeu o indulto do presidente Vladimir Putin depois de ter combatido na Ucrânia, informou seu advogado à AFP nesta terça-feira (14).
"Soube por pessoas próximas a ele, há pouco, que desde o início da operação militar especial (...) ele recebeu a proposta de um contrato para participar. Ele fez isso e, quando seu contrato terminou, recebeu o indulto por decreto do presidente", disse o advogado Alexei Mikhalchik, usando o termo imposto na Rússia para falar da ofensiva contra a Ucrânia iniciada em fevereiro de 2022.
Segundo ele, seu cliente deveria cumprir pena até 2030, mas lhe ofereceram um contrato em troca do perdão por sua experiência em uma unidade das forças especiais russas.
Dezenas de milhares de condenados russos assinaram contratos similares com o Exército, ou com grupos paramilitares, como o Wagner. O Kremlin assume publicamente esta política.
"As pessoas condenadas, incluindo aquelas (condenadas) por crimes graves, expiam seus crimes através do sangue no campo de batalha", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, na sexta-feira.
Sergei Khadzhikurbanov continua servindo na frente ucraniana.
"Em 2023, ele assinou um novo contrato como voluntário e agora luta em funções de comando", continuou o advogado, que se disse "convencido da inocência de seu cliente" no caso Politkovskaya.
Anna Politkovskaya, famosa repórter do jornal russo Novaya Gazeta, que se dedicava a investigar casos de corrupção e abusos dos direitos humanos na guerra da Chechênia, foi assassinada em Moscou em 7 de outubro de 2006.
Os mandantes do crime nunca foram identificados, embora muitos opositores ao Kremlin e ao seu regime na Chechênia acreditem que Ramzan Kadirov, o líder autoritário desta região do Cáucaso, seja o principal suspeito. Ele sempre negou a acusação.
Apenas os executores foram condenados anos depois do crime, entre eles Khadzhikurbanov.
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