Presidente da Ucrânia, Volodimir ZelenskyAFP

A guerra entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas desacelerou as entregas de artilharia para a Ucrânia, declarou o presidente Volodimir Zelensky nesta quinta-feira (16) para um grupo de veículos de mídia, entre eles a AFP.
"No Oriente Médio, o que você acha que eles começaram a comprar primeiro? Os [projéteis] de calibre 155. Nosso abastecimento diminuiu", garantiu o dirigente ucraniano.
Israel, que conta com o apoio militar dos Estados Unidos, bombardeia diariamente a Faixa de Gaza desde o ataque cometido pelos combatentes do Hamas contra seu território em 7 de outubro.
"Não é como se os Estados Unidos tivessem dito: 'Não vamos dar nada para a Ucrânia'. Não, temos relações sérias e muito fortes", disse Zelensky.
"É normal, todo o mundo luta para sobreviver", continuou. "Não digo que é algo positivo, mas assim é a vida e devemos defender o que é nosso", frisou.
Tanto Moscou como Kiev têm se esforçado para manter suas reservas de artilharia após quase dois anos da guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia.
A Coreia do Sul afirmou que a Coreia do Norte, aliada da Rússia, enviou um milhão de projéteis de artilharia para Moscou para apoiar a invasão da Ucrânia, em troca de assessoramento sobre tecnologia de satélites.
Por sua vez, a Alemanha declarou esta semana que a União Europeia não vai cumprir sua meta de enviar um milhão de projéteis de artilharia à Ucrânia.
"Agora, os armazéns estão vazios ou há um mínimo legal que este ou aquele determinado Estado não pode lhe dar", declarou Zelensky aos jornalistas. "E isto não é suficiente", acrescentou.
Não obstante, o mandatário agradeceu os esforços dos Estados Unidos para aumentar a produção deste tipo de munição.
Zelensky assegurou também que a Rússia está acumulando mísseis para atacar as infraestruturas ucranianas no inverno.
"Acho que estão acumulando [mísseis], mas não têm muitos mais mísseis do que antes. Caso o contrário, já teriam começado a bombardear", disse.
No último ano, nem Rússia nem Ucrânia conseguiram avanços territoriais significativos e o comandante máximo do Exército ucraniano reconheceu que os combates estão em ponto morto.
Por outro lado, o presidente ucraniano considerou que a reunião recente entre seus pares americano e chinês era "boa" para seu país.
"Entendemos que isto é bom para nós", declarou, após o encontro entre Joe Biden e Xi Jinping na Califórnia, no qual os dois dirigentes concordaram em restabelecer as comunicações militares de alto nível, suspensas há mais de um ano.