Presidente da Ucrânia, Volodimir ZelenskyAFP

O Exército da Ucrânia anunciou neste domingo, 19, que provocou um recuo das tropas russas de "entre três e oito quilômetros" na margem esquerda do rio Dnieper, ocupada por Moscou, na primeira estimativa de seu avanço na zona após meses de uma contraofensiva infrutífera.

"Os dados preliminares vão de três a oito quilômetros, devido à particularidades, geografia e topografia da margem esquerda", afirmou a porta-voz do Exército, Natalia Gumeniuk, à imprensa ucraniana.

Se o avanço for confirmado, esta seria a maior conquista do Exército ucraniano diante das tropas russas em vários meses.

Gumeniuk não explicou se as forças de Kiev controlam completamente esta zona da região sul de Kherson ou se o Exército russo abandonou a área diante do avanço ucraniano.

"O inimigo continua utilizando artilharia contra a margem direita", disse a porta-voz, que citou a presença de "dezenas de milhares" de soldados russos na região.

A AFP não conseguiu confirmar as reivindicações com fontes independentes. Kiev iniciou em junho, com o apoio das armas fornecidas pelos aliados ocidentais, uma aguardada contraofensiva ante as tropas invasoras russas, que não apresentou o resultado esperado e resultou na retomada pelo Exército ucraniano de apenas algumas localidades no sul e leste do país.

Na sexta-feira, no entanto, Kiev anunciou que estabeleceu posições na margem esquerda do Dnieper e relatou "combates intensos" e uma "forte resistência" russa na área. Moscou não fez comentários.

O avanço bem-sucedido anteriormente reivindicado pela Ucrânia na contraofensiva havia sido a libertação da localidade de Robotyne, em agosto, na região sul de Zaporizhzhia.

Kiev esperava a partir de então conseguir romper as linhas russas e libertar mais áreas ocupadas, mas esbarrou no poder de fogo russo e em um sistema de defesa sólido.

A tomada de posições em profundidade na margem esquerda do Dnieper poderia resultar em uma operação ucraniana ainda maior no sul, mas para isto Kiev precisará ter a capacidade de mobilizar um grande número de soldados, veículos e equipamentos em uma área difícil, que tem muitos pântanos e bancos de areia.

Nesta área do sul da Ucrânia, o rio Dnieper virou a linha de frente desde que o Exército russo se retirou da cidade de Kherson, em novembro de 2022.

Drones contra Kiev e Moscou 
Na madrugada deste domingo, Kiev e Moscou foram alvos de ataques de drones russos e ucranianos respectivamente, mas não foram registradas vítimas, segundo as autoridades dos dois países. As defesas antiaéreas de cada lado interceptaram a maioria dos drones.

"Impedimos uma tentativa do regime de Kiev de executar um ataque terrorista com um drone contra instalações no território da Federação Russa", afirmou um comunicado do Ministério da Defesa da Rússia.

O drone "foi destruído pelos equipamentos defesa antiaérea" no distrito urbano de Bogorodskoye, na região de Moscou, acrescenta a nota. O aparelho não provocou danos ou vítimas, afirmou o prefeito de Moscou, Serguei Sobianin.

Os ataques de drones ucranianos contra a região de Moscou se tornaram frequentes na primavera (hemisfério norte, outono no Brasil), antes e no início da contraofensiva de Kiev. Nas últimas semanas, no entanto, o ritmo de ataques registrou uma queda.

Do lado ucraniano, "pelo segundo dia consecutivo, o inimigo ataca a capital com drones", anunciou neste domingo o comandante da administração militar de Kiev, Serguii Popko.

"Entre 15 e 20 drones inimigos foram destruídos", afirmou em um comunicado o Estado-Maior do Exército ucraniano. "Não houve nenhuma vítima", disse Popko.

No sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, voltou a mencionar o temor de que a Rússia intensifique os ataques contra o sistema de energia, com o objetivo de interromper o fornecimento da calefação e da energia elétrica do país, como aconteceu no ano passado.

"Quanto mais nos aproximamos do inverno, mais os russos tentarão fortalecer seus ataques", alertou Zelensky.