Nicolás Maduro, presidente da VenezuelaAFP

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, qualificou, nesta segunda-feira (20), de "neonazista" o ultraliberal Javier Milei, um dia depois de sua vitória nas eleições presidenciais na Argentina.

"A extrema direita neonazista venceu na Argentina (...) Aos argentinos e às argentinas, dizemos: vocês elegeram, mas nós não vamos nos calar porque é uma ameaça tremenda a chegada de um extremista de direita com um projeto colonial, absolutamente colonial, ajoelhado frente ao imperialismo norte-americano", disse Maduro, usando sua habitual retórica antiamericana.

"É uma direita que vem com um projeto colonial para a Argentina, mas que pretende liderar um projeto colonial em toda a América Latina e o Caribe", afirmou o presidente venezuelano em seu programa semanal na televisão estatal, destacando que este projeto "pretende acabar com o Estado".
Javier Milei foi eleito presidente da Argentina no domingo (19) - LUIS ROBAYO/AFP
Javier Milei foi eleito presidente da Argentina no domingo (19)LUIS ROBAYO/AFP


Maduro, cuja reeleição em 2018 não foi reconhecida pelos Estados Unidos devido a denúncias de fraude dos principais partidos políticos da oposição, acusou Milei de querer continuar "com o projeto" das ditaduras instauradas na década de 1970 em Argentina, Chile e Uruguai.

"Pretende instaurar no continente o que foi o projeto ultra-neoliberal, chamado de liberal por eles, que se impôs nos anos 70 com os golpes de Estado de (Augusto) Pinochet no Chile, (Jorge) Videla na Argentina, com o golpe de Estado no Uruguai", disse o presidente venezuelano.

"Respeitamos a decisão do povo argentino e simplesmente chamamos à reflexão sobre o surgimento de focos da ultradireita que pretendem se impor para voltar a recolonizar a América Latina e pretendem impor modelos extremistas. Não passaram na Venezuela, nem vão passar", reforçou Maduro.

A Corte Penal Internacional (CPI) investiga possíveis crimes contra a humanidade na Venezuela no controle de manifestações da oposição, assim como denúncias de tortura.

Ao contrário, a ex-deputada María Corina Machado, que venceu as primárias da oposição na Venezuela, comemorou a vitória de Milei. Ela está inabilitada para se candidatar às eleições presidenciais do próximo ano por medidas administrativas questionadas por Washington e União Europeia.

"Parabéns a todos os argentinos por um processo eleitoral exemplar e a seu presidente eleito, Javier Milei. A luta pela mudança e pela liberdade avança na América Latina", publicou Machado no domingo na rede social X, antigo Twitter.