Sultan Al Jaber, presidente da COP28Yasser Al-Zayyat/AFP

Antes do início da COP28 em Dubai, o presidente da conferência climática da ONU, Sultan Al Jaber, dos Emirados, rejeitou nesta quarta-feira (29) querer usar a sua posição para promover os projetos petrolíferos do seu país no exterior, segundo os documentos revelados nesta semana.
Al Jaber, altamente criticado durante meses por ONGs e parlamentares ocidentais pelo seu duplo papel como chefe da COP28 e da companhia petrolífera nacional Adnoc, defende uma linha que descreve como realista e diz que quer ser uma ponte entre o Golfo e os países que exigem a saída rápida do petróleo.
Mas os inúmeros documentos revelados na segunda-feira pelo grupo de investigação Center for Climate Reporting e pela BBC lançam dúvidas.
Os documentos, transmitidos por um "denunciante", são relatórios destinados a Sultan Al Jaber em que aparecem questões a serem abordadas com representantes de governos estrangeiros em reuniões que tratavam da COP.
Esses relatórios continham menções às duas empresas que dirige, a Adnoc e a empresa de energias renováveis Masdar, e foram utilizados em reuniões com cerca de 30 países.
Nos relatórios, foi mencionada a presença da Adnoc e da Masdar no país em questão e o seu potencial comercial, como no caso de um projeto de fornecimento de diesel e querosene da Adnoc no Quênia ou de um projeto petroquímico da Adnoc no Brasil.
"Essas acusações são falsas, incorretas, imprecisas", afirmou Sultan Al Jaber em Dubai, em resposta aos jornalistas durante um evento na sede da COP28, às vésperas da sua inauguração.
"Vocês acham que os Emirados Árabes Unidos ou eu precisamos da COP ou da presidência da COP para estabelecer acordos ou relações comerciais?", perguntou ele.
"Nunca, nunca vi essas formulações, nunca as usei", disse. "Às vezes me dizem que tenho que falar com os Estados e as empresas de petróleo e gás para pressioná-los, e às vezes me dizem que não posso fazê-lo", acrescentou, nas suas primeiras declarações públicas sobre o assunto.