"Espero que o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do lado da Guiana", dois países fronteiriços com o Norte do Brasil, disse Lula em Dubai, onde participa da COP28 sobre a mudança climática.
Lula afirmou que o referendo obviamente trará o resultado desejado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro. "O que a América do Sul não está precisando é de confusão", acrescentou o mandatário brasileiro.
A Venezuela celebra neste domingo um referendo consultivo com o qual o governo busca fortalecer uma centenária reivindicação por Esequibo, um território de 160.000 km2 que está sob a administração da Guiana.
Papel do Brasil
Com o acirramento das tensões na América do Sul, é colocado em pauta o papel do Brasil para evitar o aprofundamento da crise e uma guerra na região. Em entrevista a Agência Brasil, a professora Mariana Kalil pontua que o país tem tradição como mediador de conflitos na Venezuela e, por ter um governo atual que vê o mundo de forma cooperativa e multilateral, pode ajudar a mediar a situação.
“Brasil é fundamental, especialmente com o governo Lula, por ter credibilidade com o regime bolivariano. Não é visto pelo Maduro como um vassalo dos Estados Unidos. É visto como parceiro ou potencial parceiro. Por isso, o Brasil tem capacidade de transitar entre a Venezuela e a Guiana e legitimidade para encontrar soluções”, avalia.
O professor William Gonçalves concorda com a posição estratégica do Brasil e acredita em uma atuação mais contundente de mediação, já que o país entende que a paz na região é o melhor caminho.
“Para o Brasil, [a internacionalização do conflito] é uma coisa desastrosa. A possibilidade [desse conflito] existe. Agora, se isso vai prosperar depende muito da ação diplomática do Brasil. E também da Colômbia. São os dois países, no contexto regional, mais interessados [em evitar o conflito] e com maior lastro diplomático para negociar tanto com um lado como com o outro”, destaca o professor. “São dois interlocutores credenciados”, ressalta.
O Ministério da Defesa brasileiro informou que tem acompanhado a situação e que intensificou suas ações na “fronteira ao norte do país”, com um aumento da presença de militares na região. Já o Ministério das Relações Exteriores defende que Venezuela e Guiana busquem uma solução pacífica para a controvérsia.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.