Santiago CafieroFoto:Reprodução/Internet

O chanceler em fim de mandato na Argentina, Santiago Cafiero, afirmou em entrevista a um jornal argentino que seu país não assinará esta semana o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
Em declarações ao jornal La Nación publicadas neste domingo(3), Cafiero, que deixará seu cargo em 10 de dezembro quando Alberto Fernández ceder o poder ao ultraliberal Javier Milei, frustrou as expectativas levantadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu colega uruguaio Luis Lacalle Pou, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de assinar o acordo na cúpula do Mercosul em 6 de dezembro no Rio de Janeiro.
"As negociações continuarão e há muito trabalho realizado, mas não estão reunidas as condições para assinar o acordo", disse Cafiero sobre o pacto negociado, entre pausas, há mais de 20 anos.
O tratado, com negociações concluídas em 2019 seguidas por novas divergências entre as partes, "tem um impacto negativo na indústria do Mercosul, sem reportar benefícios para as suas exportações agrícolas, que são limitadas por cotas muito restritivas e sujeitas a regulamentações ambientais unilaterais que as expõem a vulnerabilidades futuras", explicou Cafiero.
Na sexta-feira, Lula afirmou na rede social X que Mercosul e União Europeia estavam perto de fechar o acordo.
Novas regras ambientais adotadas pela UE em 2019 supõem "maiores custos e restrições para as exportações do Mercosul de alimentos e outros produtos", afirmou Cafiero, e se tornaram um obstáculo às negociações, em meio a fortes críticas do Brasil.
O Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) rejeitou o "protecionismo verde" e respondeu com exigências próprias, como a criação de um fundo ambiental para apoiar os países em desenvolvimento.