Cerimômia em homenagem ao general Qassem SoleimaniAhmad Al-Rubaye / AFP

Noventa e cinco pessoas morreram no Irã, nesta quarta-feira, 3, em uma dupla explosão durante a homenagem pelo aniversário do assassinato do general Qassem Soleimani em 2020, informou a televisão estatal da República Islâmica. Outras 211 foram reportadas como feridas, muitas em estado grave. 
As explosões ocorreram perto da mesquita Saheb al Zaman, onde se encontra o túmulo de Soleimani, na cidade de Kerman, no sul do país. Uma fonte informou à agência de notícias IRNA que as investigações preliminares mostram que havia 2 pacotes de bombas a caminho de Golzar Shahadai e que foram detonados por controle remoto, com uma diferença de 10 minutos entre uma e outra, tirando a possibilidade de ser um ataque suicida. 
De acordo com a IRNA, centenas de pessoas teriam se reunido no local para homenagear Soleimani, morto após um ataque de drones dos EUA durante viagem ao Iraque. Rahman Jalali, vice-governador da província de Kerman, declarou na televisão que as bombas foram "um atentado terrorista". Ninguém reivindicou o ataque até o momento.
As bombas explodiram em um momento de tensão no Oriente Médio, um dia após o número dois do Hamas, Saleh al Aruri, aliado do Irã, morrer em um ataque com drone em Beirute, que as autoridades libanesas atribuíram a Israel.
General Qassem Soleimani - Reprodução
General Qassem SoleimaniReprodução
'Vimos pessoas caindo' 
A multidão lembrava o quarto aniversário da morte de Soleimani, assassinado aos 62 anos. "Estávamos caminhando para o cemitério quando, de repente, um veículo parou atrás de nós e uma lata de lixo contendo uma bomba explodiu", declarou uma testemunha à ISNA.

"Apenas ouvimos o ruído da explosão e vimos pessoas caindo. Havia uma bomba na lata de lixo", insistiu a testemunha.

O general Soleimani, encarregado das operações exteriores dos Guardiães da Revolução -- o exército ideológico do Irã -- foi o arquiteto das operações militares iranianas no Oriente Médio. O aiatolá Ali Khamenei, o guia supremo do Irã, costumava a se referir a ele como "mártir sobrevivente".

Era uma das personalidades públicas mais populares do país e considerado um herói por seu papel na derrota do grupo Estado Islâmico tanto no Iraque como na Síria. Para muitos iranianos, suas proezas militares e estratégicas foram fundamentais para a desintegração multiétnica de países vizinhos como Afeganistão, Síria e Iraque.

O general marcou a agenda política e militar do Irã na Síria, Iraque e Iêmen. Tanto Estados Unidos e seus aliados o consideraram durante muito tempo como o inimigo jurado. Após participar na guerra Irã-Iraque (1980-1988), ascendeu rapidamente até tornar-se líder da Força Quds, responsável pelas operações exteriores da República Islâmica.

Depois da morte de Soleimani, o aiatolá Ali Khamenei decretou três dias de luto nacional. Milhões de pessoas o homenagearam nos dias seguintes a seu assassinato, em uma mostra de unidade nacional.

Uma pesquisa publicada em 2018 pela IranPoll e a Universidade de Maryland revelou que a popularidade de Soleimani era de 83%, superior a do então presidente Hassan Rouhani e o então ministro de Relações Exteriores Mohammad Javad Zarif.
*Com informações da AFP