Engelhorn: mais impostosFabrice Coffrini / AFP
"Herdei uma fortuna e com ela um poder, sem nunca ter feito nada para merecê-la. E o Estado sequer quer que eu pague o imposto sucessório", denunciou, em um comunicado divulgado em Viena, esta austríaca de 31 anos, descendente de Friedrich Engelhorn, fundador da gigante química alemã BASF.
Esta ativista, que pode ser vista esta semana militando no encontro das elites empresariais e políticas em Davos, exige há muito tempo pagar mais impostos. Seguindo o exemplo de centenas de "milionários patrióticos" americanos, ela fundou a iniciativa "Tax me now" no mundo de língua alemã.
A sua missão será propor ideias "benéficas para a sociedade como um todo" com as quais redistribuirá 90% do seu patrimônio, cerca de 25 milhões de euros. Entre março e junho, serão organizadas sessões de trabalho com todas as despesas pagas na cidade de Salzburgo.
Marlene Engelhorn não terá voz no resultado dos debates. Se não houver consenso, ela irá retirar essa quantia considerável de dinheiro, para a qual prometeu encontrar outro método de redistribuição nesse caso.
'Gueto dinástico dos ricos'
"Diante do fracasso do governo, cabe a nós reparar" as injustiças, diz Engelhorn, que não respondeu até o momento a um pedido de entrevista da AFP. Na Áustria, diz ela, um país sem salário mínimo, "também não existe um verdadeiro imposto sobre o patrimônio".
No início do fórum de Davos, a ONG Oxfam denunciou mais uma vez as "desigualdades obscenas" em todo o mundo, exigindo mais impostos para bilionários cada vez mais ricos.
Na zona do euro, as disparidades são especialmente evidentes na Áustria, principalmente em termos de riqueza imobiliária, segundo o economista vienense Emanuel List, que se baseia em estimativas recentes do Banco Central Europeu (BCE).
Mas para Marlene Engelhorn trata-se simplesmente de "devolver o dinheiro à sociedade", como declarou em uma entrevista ao jornal berlinense Tagesspiegel.
"Estou passando da categoria dos 1% mais ricos da sociedade para os 99% menos ricos. Alguns veriam isso como um retrocesso, mas eu vejo como um progresso na sociedade democrática. Estou deixando este gueto dinástico dos ricos", afirmou, garantindo que não se arrependerá de sua decisão.
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