Encontro entre Javier Milei e Papa Francisco nesta segunda-feira (12), no VaticanoSimone Risoluti / Vatican Media / AFP
Em um compromisso regado a alfajores, o pontífice e o presidente estiveram reunidos por uma hora e dez minutos no Palácio Apostólico, um dia após terem se encontrado pela primeira vez no Vaticano e de trocarem abraços na ocasião da canonização da beata Maria Antonia de Paz y Figueroa, conhecida como Mama Antula (1730 -1799) e primeira santa argentina.
Em tom mais formal, o encontro teve como foco a tentativa de estreitar a relação entre ambos após os insultos que Milei proferiu à Francisco no passado.Pope Francis holds a private audience with the President of Argentina, Javier Milei, a day after the Pope canonized the first native-born Argentinian saint.https://t.co/tLIit8HUDg pic.twitter.com/3DXlHUQHNQ
— Vatican News (@VaticanNews) February 12, 2024
Até o momento o Vaticano não se pronunciou sobre uma das grandes questões que rodearam a reunião, a possível viagem do papa à Argentina, país natal que não visita desde que foi eleito chefe da Igreja Católica em 2013.
No centro do medalhão, a pomba do Espírito Santo, como "símbolo de unidade, força e inspiração", segundo o documento explicativo divulgado pela Santa Sé.
Diferenças como pano de fundo
O presidente, forte defensor do livre mercado, defende um corte radical nos gastos públicos, uma ampla política de privatizações e uma intervenção mínima do Estado. Entre suas primeiras medidas, desvalorizou o peso em 50%.
Já o pontífice baseou grande parte de seu trabalho pastoral na crítica às tendências econômicas e ambientais do neoliberalismo, e defende constantemente que os poderes públicos protejam os mais vulneráveis.
"O oapa está sempre preocupado; é evidentemente uma questão que lhe é cara, que as pessoas não sofram", disse à imprensa no Vaticano o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, chefe do Dicastério para a Doutrina da Fé.
Na semana passada, Milei teve sua primeira grande crise com o fracasso de seu mega pacote de reformas econômicas, políticas e administrativas e agora deverá repensar sua estratégia diante de uma oposição crescente.
A pauta econômica também foi assunto de seu encontro com Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, após se reunir com Francisco.
"Durante as conversas cordiais na Secretaria de Estado", foi discutido detalhadamente "o programa do novo Governo para enfrentar a crise econômica" na Argentina, afirmou um breve comunicado do Vaticano.
Mudança de tom
Entretanto, mudou o tom nos últimos meses, e em janeiro fez um convite oficial para que o sumo pontífice visitasse a Argentina.
Francisco, de 87 anos, minimizou os ataques proferidos, atribuindo-lhes ao contexto eleitoral, e após o encontro de domingo, os dois protagonizaram uma nova harmonia com seus abraços no Vaticano.
Segundo seus informantes, o papa, que no passado teve divergências com vários presidentes como Mauricio Macri e os Kirchner, Néstor e Cristina, não queria viajar para a Argentina até agora para evitar que sua presença fosse utilizada politicamente.
Em sua segunda viagem ao exterior desde que assumiu a presidência em 10 de dezembro, Milei chegou a Roma na sexta-feira procedente de Israel.
Entre sua delegação na Itália e no Vaticano estão sua irmã Karina, secretária-geral da Presidência, o ministro do Interior, Guillermo Francos, a chanceler Diana Mondino e o rabino Axel Wahnish, conselheiro espiritual do presidente e embaixador designado no Estado de Israel.
Nesta segunda-feira, o presidente argentino também se reunirá com o seu homólogo italiano, Sergio Mattarella, e com a primeira-ministra Giorgia Meloni
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