Bandeira de Israel Reprodução

O Exército israelense anunciou, nesta quinta-feira (15), que estava conduzindo uma operação em um grande hospital no sul da Faixa de Gaza, onde médicos descrevem uma situação desesperadora, em busca de possíveis reféns capturados pelo Hamas.

O hospital Nasser está localizado em Khan Yunis, no meio dos combates entre o Exército e o movimento islamista palestino, que governa o estreito território desde 2007. Milhares de civis que fugiram da guerra se refugiaram no local, onde os soldados israelenses realizaram uma "operação seletiva e limitada", segundo o Exército.

"Temos informações críveis de diversas fontes, inclusive de reféns libertados, que indicam que o Hamas reteve reféns no hospital Nasser de Khan Yunis e que poderia haver corpos de reféns no local, declarou o Exército em um comunicado.

Após Khan Yunis, uma cidade transformada em campo de ruínas, Israel prepara uma ofensiva terrestre em Rafah, alguns quilômetros mais ao sul, na fronteira fechada com o Egito.

Mais de um milhão de palestinos se aglomeram nesta cidade e a comunidade internacional alertou para as consequências devastadoras de uma incursão neste último refúgio para civis que fogem dos combates.

A guerra eclodiu após o ataque do Hamas em 7 de outubro em Israel, no qual os combatentes mataram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250, de acordo com uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre que já deixou 28.663 mortos em Gaza, em sua grande maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino, governado desde 2007 pelo Hamas.

Uma trégua de uma semana no final de novembro permitiu a troca de 105 reféns por 240 palestinos presos em Israel.

Israel estima que, após a troca, 130 reféns permaneceram em Gaza e que 30 morreram desde então. Este último número aumentou nesta quinta-feira com o anúncio da morte, em 7 de outubro, de um morador do kibutz Nir Oz, cujo corpo permanece em Gaza.

Paisagem 'apocalíptica'
Os alertas internacionais se multiplicaram nas últimas semanas sobre o risco de uma operação israelense em Rafah, onde em sua grande maioria se amontoam palestinos deslocados pela guerra.

Apesar da pressão internacional, Israel insiste que entrar em Rafah é crucial para eliminar as tropas do Hamas após quatro meses de guerra.

Em um comunicado conjunto, Austrália, Canadá e Nova Zelândia alertaram que "uma operação militar ampliada será devastadora".

Rafah também é o principal ponto de entrada da ajuda humanitária que chega ao pequeno território, submetido a um bloqueio israelense quase absoluto.

Pelo menos 87 pessoas morreram nas últimas 24 horas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Os bombardeios contra o hospital Nasser deixaram pelo menos um morto e vários feridos, acrescentou essa fonte.

Os funcionários do hospital alertaram na quarta-feira sobre a situação "catastrófica" da instituição, sem água potável, com esgotos transbordando nas emergências e franco-atiradores espreitando nos telhados.

Os deslocados que saíram do hospital após a ordem de evacuação israelense agora estão "sem ter para onde ir", denunciou a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), descrevendo uma paisagem "apocalíptica".

Israel acusa o Hamas de usar os hospitais como bases de suas operações e atacou vários deles desde o início da guerra.

Os mediadores dos Estados Unidos, Catar e Egito, reunidos no Cairo, continuam buscando um acordo para interromper os combates e liberar cerca de 130 reféns que ainda estão em Gaza em troca da libertação de prisioneiros palestinos em prisões israelenses.

Segundo o jornal The Washington Post, os Estados Unidos e alguns de seus aliados árabes estão elaborando um plano para restabelecer uma paz duradoura entre Israel e os palestinos. A proposta incluiria uma pausa nos combates, a libertação de reféns e um cronograma para criar um Estado palestino.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, considerou nesta quinta-feira que ainda era "possível" alcançar um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

No entanto, o gabinete de Netanyahu afirmou não ter recebido "nenhuma nova proposta" do Hamas envolvendo os reféns.

"Insisto para que o Hamas renuncie a suas exigências ilusórias, e quando fizer isso, poderemos avançar", declarou o premiê israelense.

Lula pede para 'parar com as matanças'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita oficial ao Egito, classificou a ação de Israel em Gaza como um "punição coletiva" contra a população palestina e pediu para "parar com as matanças".

"A tarefa mais urgente é estabelecer um cessar-fogo definitivo que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida [para Gaza] e a imediata e incondicional liberação dos reféns", declarou Lula.

"Não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital", acrescentou Lula durante uma reunião da Liga Árabe, após se reunir com o presidente egípcio, Abdel Fatah al Sissi.

A guerra entre Israel e o Hamas também aumentou as tensões na fronteira entre Israel e o Líbano, onde ocorrem trocas de disparos diárias.

O movimento libanês Hezbollah, aliado do Hamas, afirmou que disparou dezenas de mísseis contra o norte de Israel, no dia seguinte aos bombardeios israelenses no sul do Líbano que mataram 15 pessoas, incluindo um comandante desse movimento pró-iraniano.