Alexei Navalny morreu numa prisão no ÁrticoAFP
"Ela se nega a negociar com o Comitê de Investigação porque não tem autoridade para decidir quando e como seu filho será enterrado", acrescentou.
Yarmish afirmou, ainda, que a mãe do opositor, Liudmila Navalnaya, continua pedindo às autoridades que lhe entreguem o corpo do filho e que autorizem um funeral público.
Na véspera, Navalnaya afirmou que por fim conseguiu ver o corpo de Alexei e denunciou "chantagens" para forçá-la a que o filho seja enterrado "em segredo".
O círculo próximo de Navalny acusa as autoridades russas de terem matado o opositor na prisão e de tentarem impedir uma cerimônia pública para evitar qualquer manifestação de apoio.
Em 2010, antes de a máquina de repressão se abater sobre ele, Navalny mobilizou multidões, especialmente em Moscou, o que o fez ganhar o status de opositor número 1 do presidente russo, Vladimir Putin. Um funeral público poderia, teoricamente, mobilizar seus apoiadores.
Nesta sexta, sua equipe pediu à polícia, ao exército e aos serviços de segurança que lhes deem qualquer informação sobre o "assassinato" de Navalny.
Em troca, "prometemos uma recompensa de 20 mil euros (106.000 reais) e a organização de sua saída do país, se assim desejar", informou.
"Não importa seu status ou se compartilha das opiniões políticas de Alexei Navalny. Há princípios humanos fundamentais: não podem abusar de uma mãe e chantageá-la com o corpo de seu filho assassinado", escreveu sua equipe no Telegram.
Putin "teme" Navalny
Entre eles, o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, o jornalista Dmitri Muratov, o diretor de cinema Andrei Sviaguintsev, o escritor Viktor Shenderovich e a ativista da banda punk contestatária Pussy Riot, Nadejda Tolokonnikova.
"Putin temeu Navalny por muitos anos e continua temendo-o após a sua morte. Depois de matá-lo, ainda o teme", avaliou Shenderovich, que foi catalogado pelas autoridades russas como "agente estrangeiro" por suas críticas à ofensiva na Ucrânia.
Na semana passada, centenas de pessoas foram detidas pela polícia na Rússia por homenagear o principal opositor de Putin, que ainda não comentou o falecimento publicamente. Os governos ocidentais também apontaram o Kremlin como responsável por sua morte.
Nesta sexta-feira, os Estados Unidos anunciaram uma nova rodada de sanções contra a Rússia desde a invasão da Ucrânia, há dois anos, e em resposta à morte de Navalny.
Três funcionários públicos russos estão entre os sancionados por seu envolvimento, anunciou o Departamento de Estado.
Uma destas pessoas é Valery Boyarinev, vice-diretor do serviço penitenciário federal russo que administra a remota prisão no Ártico onde Navalny morreu.
"As novas restrições são uma nova tentativa desavergonhada e cínica de ingerência nos assuntos internos da Rússia", reagiu o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoli Antonov, citado pela agência estatal Tass.
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