Presidente da Rússia, Vladimir PutinAlexander Zemlianichenko/AFP
Putin celebrou o avanço das tropas no front ucraniano e alertou para as "trágicas consequências" caso algum país ocidental envie soldados a Kiev, depois que o presidente francês, Emmanuel Macron, mencionou a possibilidade no início da semana.
Os países "falaram da possibilidade de enviar contingentes militares ocidentais à Ucrânia, (...) mas as consequências destas intervenções seriam realmente trágicas", afirmou Putin diante da elite política russa no Gostiny Dvor, um palácio de congressos perto da Praça Vermelha, em Moscou.
"(Eles) precisariam entender que também temos armas capazes de atingir alvos em seu território. Tudo o que inventam neste momento, além de assustar o mundo, é uma ameaça real de um conflito em que serão utilizadas armas nucleares, o que significa a destruição da civilização", disse o presidente russo.
Capacidades militares
Mas desde então, a contraofensiva ucraniana de verão (hemisfério norte, inverno no Brasil) fracassou e as tropas de Kiev estão na defensiva atualmente, com escassez de munições e superadas por soldados russos em maior número e com melhores armas.
Em meados de fevereiro, as forças de Moscou tomaram a cidade de Avdiivka, na frente leste, e prosseguiram com a ofensiva na região.
"As capacidades de combate das Forças Armadas (russas) aumentaram consideravelmente. Avançam de modo constante em diversas áreas da frente", celebrou Putin, antes de acrescentar que "a maioria absoluta do povo russo" apoia a campanha militar na Ucrânia.
Ele também elogiou "a flexibilidade e a resistência" da economia russa que, apesar da avalanche de sanções ocidentais, resiste e se concentrou na máquina de guerra e no mercado asiático.
Silêncio sobre Navalny
Como é habitual, nesta quinta-feira ele aproveitou a plataforma para criticar o Ocidente, apresentado como o inimigo depravado dos "valores tradicionais" defendidos oficialmente pelo Kremlin.
"Uma família com muitos filhos deve ser norma", afirmou, em um contexto de graves problemas demográficos no país, acentuados pelo ataque à Ucrânia e pela fuga para o exterior de centenas de milhares de pessoas.
Putin também disse que a luta contra a pobreza na Rússia é uma de suas prioridades e comemorou a redução do consumo de bebidas alcoólicas no país.
O discurso aconteceu na véspera do funeral em Moscou de seu principal opositor, o ativista anticorrupção Alexei Navalny, que morreu em 16 de fevereiro na prisão, em circunstâncias sombrias.
Putin, que nunca se pronunciou o nome de Navalny, ainda não comentou a morte, que causou comoção dentro e fora do país.
Em plena campanha para as eleições de 15 a 17 de março, Putin aumentou as aparições públicas desde o início do ano: recentemente ele entregou medalhas em uma cerimônia e foi visto a bordo de um bombardeio das forças de dissuasão nuclear russas.
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