Fumaça subindo em meio ao bombardeio israelense na Faixa de Gaza afp
Os países mediadores, Egito, Estados Unidos e Catar, desejam a instauração de um cessar-fogo antes do início do Ramadã, em 10 ou 11 de março, no território cercado e destruído por cinco meses de guerra, onde os bombardeios israelenses deixaram 86 mortos nas últimas 24h, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, governado pelo Hamas.
O conflito levou a Faixa em uma grave crise humanitária e 2,2 milhões de pessoas, a grande maioria da população, enfrenta risco de fome, segundo a ONU.
A ajuda humanitária entra a conta-gotas e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas alertou na terça-feira que registrou "níveis catastróficos" de fome no norte do território, onde o acesso é cada vez mais difícil devido ao cenário de destruição, combates e saques.
O acordo de trégua em negociação incluiria um cessar-fogo de seis semanas e permitiria a libertação de reféns mantidos em Gaza em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel, assim como o aumento da ajuda humanitária para Gaza.
As negociações "difíceis", que começaram no domingo, têm a participação de representantes do Egito, Estados Unidos e Catar, assim como do Hamas, mas Israel não enviou nenhum emissário, segundo a emissora AlQahera News, próxima ao serviço de inteligência egípcio.
O acordo de trégua é algo que "está nas mãos do Hamas", afirmou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para quem os israelenses "estão cooperando".
Apesar da declaração, Washington elevou o tom com o governo de Israel nos últimos dias e Biden fez um apelo ao seu aliado para permitir a entrada de mais ajuda na Faixa de Gaza, procedente do Egito.
Lista de reféns
Israel rejeita as condições e afirma que prosseguirá com a ofensiva até eliminar o Hamas. Segundo a imprensa do país, o governo israelense exigiu que o grupo islamista entregue uma lista precisa dos reféns e decidiu não enviar representante ao Cairo porque o movimento não apresentou a relação.
Um líder político do Hamas, Basem Naim, declarou à AFP, no entanto, que o movimento não recebeu nenhum pedido sobre os reféns e que ele não sabe quais estão "vivos ou mortos".
A guerra começou após o ataque de milicianos do Hamas em Israel no dia 7 de outubro, quando assassinaram 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados divulgados pelas autoridades israelenses.
Também sequestraram 250 pessoas: Israel calcula que 130 permanecem como reféns, das quais 31 teriam sido mortas.
Em resposta, o Exército israelense iniciou uma ofensiva contra o Hamas, movimento que governa Gaza desde 2007 e é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
A campanha aérea e terrestre de Israel matou 30.717 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.
Nesta quarta-feira, os combates afetaram diversos setores de Khan Yunis, no sul, e da Cidade de Gaza, no norte da Faixa.
"Queremos comer e viver. Olhem para nossas casas. Do que eu sou culpado, uma pessoa desarmada e sem renda neste país empobrecido?", lamentou Nader Abu Shanab, morador de Khan Yunis, ao apontar para uma pilha de escombros.
Para tentar aliviar o sofrimento, oito aviões da Jordânia, Estados Unidos, França e Egito lançaram ajuda humanitária na terça-feira no norte do território, informou o governo jordaniano.
"Os lançamentos aéreos são o último recurso e não evitarão a fome", declarou Carl Skau, diretor-executivo adjunto do PMA.
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