Escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca está no epicentro do escândalo 'Panama Papers'Reprodução
'Panama Papers': terminam audiências de julgamento por escândalo envolvendo desvio de dinheiro
Sentença, no entanto, será anunciada nas próximas semanas. Nomes como Vladimir Putin, David Cameron e Lionel Messi foram citados na investigação
As audiências do julgamento por suposta lavagem de dinheiro contra os fundadores do extinto escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, epicentro do escândalo internacional dos "Panama Papers", assim como de mais outros 20 envolvidos, terminaram nesta sexta-feira (19) no Panamá.
A sentença, no entanto, será anunciada nas próximas semanas. A magistrada Baloísa Marquínez se ateve ao prazo de 30 dias úteis que a lei panamenha estipula para dar seu veredicto, um período que pode ser maior em função da extensão do expediente.
"O tribunal atém-se ao prazo da lei para a emissão da sentença correspondente", indicou Marquínez ao concluir as audiências do julgamento iniciado em 8 de abril na Cidade do Panamá.
Durante o julgamento, a promotora Isis Soto pediu 12 anos de prisão, a pena máxima por lavagem de dinheiro no Panamá, para Jürgen Mossack e Ramón Fonseca, fundadores da firma de advogados Mossack Fonseca, epicentro do escândalo que veio à tona em 2016.
"Verdadeiramente, foi cometida uma grande injustiça, não só comigo, mas com todas as pessoas que trabalharam comigo, que são muitas", declarou Mossack ao término da audiência.
Soto também pediu condenações de entre cinco e 12 anos de prisão para outros 24 acusados, principalmente ex-funcionários da firma, enquanto pediu a absolvição de outros três acusados.
"Os senhores Jürgen Mossack e Ramón Fonseca [...] receberam e transferiram recursos procedentes de atividades ilícitas ocorridas na Alemanha e na Argentina", disse Soto.
Segundo o Ministério Público, Mossack, de 76 anos, e Fonseca, de 71, são responsáveis de facilitar, através do escritório, a criação de sociedades opacas nas quais diretores da multinacional alemã Siemens depositaram milhões de euros à margem da contabilidade real da companhia.
Esse "caixa 2" teria sido utilizado para esconder dinheiro procedente do pagamento de comissões.
O escritório de advocacia panamenho, segundo o Ministério Público, também foi utilizado para guardar dinheiro proveniente de um grande golpe na Argentina.
O julgamento começou oito anos depois que, em 3 de abril de 2016, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) publicou os "Panama Papers".
Essa investigação, baseada no vazamento de 11,5 milhões de documentos provenientes da Mossack Fonseca, mostrou como chefes de Estado e de governo, líderes políticos, personalidades das finanças, dos esportes e das artes ocultaram propriedades, empresas, ativos e lucros para evadir impostos ou lavar dinheiro.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e os ex-governantes de Islândia, Sigmundur David Gunnlaugsson; Paquistão, Nawaz Sharif; Reino Unido, David Cameron; e Argentina, Mauricio Macri; além do astro argentino do futebol Lionel Messi foram alguns dos nomes citados na época.
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