Aurora boreal em Fusch, na ÁustriaAFP

A tempestade solar mais poderosa em mais de 20 anos atingiu a Terra nesta sexta-feira (10), causando auroras boreais em diferente pontos do mundo, como na América do Sul, Europa e outros locais. As redes sociais ficaram recheadas de fotos de auroras capturadas em diversos locais ao redor do mundo.
A brasileira Mare Alvares mora na Alemanha e também compartilhou imagens e a experiência do que viu. "Teve aurora boreal aqui no quintal de casa eu não 'to' acreditando", escreveu. A letróloga contou ainda que teve sorte em conseguir ver o evento "A olho nu parecia uma noite normal, tinha que prestar muita atenção para ver uma variação de cor. Mas era apontar o celular pro céu e dar esse espetáculo. Se eu não tirasse a foto não ia sair para ver, foi muita sorte", disse Mare, que comentou ainda que tudo aconteceu no mesmo dia de aniversário da gata dela, que se chama Aurora.
"Acabamos de acordar as crianças para verem a aurora boreal no quintal! Está claramente visível", disse à AFP Iain Mansfield, membro de um centro de estudos em Hertford, no Reino Unido. Outros, como o fotógrafo Sean O' Riordan, relataram na rede X fotografias de "céus absolutamente bíblicos na Tasmânia às 4h".
No entanto, persistindo ao longo do fim de semana, como é previsto, o evento climático pode gerar possíveis interrupções em satélites e redes elétrica. Essa foi a primeira de várias "ejeções de massa coronal" (CME, na sigla em inglês), que são grandes emissões de plasma e campos magnéticos do Sol, e ocorreu pouco depois das 16h (11h no horário de Brasília), de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).
Mais tarde, a NOAA categorizou a tempestade geomagnética como "extrema", a primeira desde que em outubro de 2003, quando várias delas causaram apagões na Suécia e danos na infraestrutura energética na África do Sul. O esperado é que mais tempestades solares atinjam o planeta nos próximos dias.
As autoridades pediram aos operadores de satélites, companhias aéreas e responsáveis pelas redes elétricas que tomassem medidas de precaução contra possíveis perturbações causadas por mudanças no campo magnético da Terra. A Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos, no entanto, disse que "não antecipa nenhum impacto significativo no sistema de espaço aéreo do país".
Ao contrário das erupções solares, que viajam à velocidade da luz e são capazes de alcançar a Terra em oito minutos, as CMEs viajam a um ritmo mais lento, de 800 km por segundo. Os meteorologistas esperam poder precisar melhor o impacto que terão quando estiverem a uma distância de 1,6 milhão de quilômetros.
Os campos magnéticos associados às tempestades induzem correntes nos condutores longos, incluindo os cabos de energia, o que pode provocar apagões.Também podem ocorrer impactos na comunicação por rádio de alta frequência, GPS, em naves espaciais e satélites. Até mesmo pombos e outras espécies que possuem bússolas biológicas podem ser afetados.
 Mathew Owens, professor de física espacial na Universidade de Reading, disse à AFP que os efeitos serão sentidos principalmente nas latitudes norte e sul do planeta. O alcance exato dependerá da força final da tempestade. "O norte do Canadá, a Escócia e lugares desse tipo terão boas auroras; acredito que podemos afirmar isso com segurança", afirmou, acrescentando que a situação pode se repetir no hemisfério sul. "Meu conselho é que saiam esta noite e olhem, porque se virem a aurora, é algo espetacular", continuou.
Nos Estados Unidos, esse fenômeno poderia ser observado na região mais ao norte de estados como Califórnia e Alabama. Brent Gordon, dos serviços meteorológicos espaciais da NOAA, sugere que as pessoas tentem tirar fotografias noturnas com seus celulares, mesmo que a aurora não seja visível a olho nu. "Você se surpreenderia com o que pode ser visto na foto" capturada com os celulares mais modernos, afirmou.
As autoridades recomendam à população que siga as medidas padrões diante de possíveis apagões, como ter em mãos lanternas, baterias e rádios meteorológicos.A maior tempestade solar registrada é o "evento de Carrington", de 1859: destruiu a rede telegráfica nos Estados Unidos, provocou descargas elétricas e a aurora boreal foi visível em latitudes inéditas, até a América Central.
*Com informações da AFP