Primeiro-ministro israelense, Benjamin NetanyahuAFP
A "batalha de Rafah" é "decisiva", declarou o dirigente, acrescentando que a operação também vai se concentrar nas "vias de escape e abastecimento" do movimento palestino Hamas, que ele prometeu destruir após seu ataque sem precedentes a Israel em 7 de outubro de 2023.
Netanyahu considera necessária uma grande operação em Rafah, onde, segundo ele, estão os últimos batalhões do grupo islamista.
Um porta-voz militar israelense, Nadav Shoshani, afirmou que "há reféns em Rafah", em referência às pessoas sequestradas em 7 de outubro. "Estamos operando para criar as condições para trazê-los para casa", acrescentou.
"Entrarão mais tropas" em Rafah, e "a atividade [militar] se intensificará", declarou, por sua vez, o ministro da Defesa, Yoav Gallant.
Desde que o Exército ordenou que os civis evacuassem os setores da zona leste de Rafah em 6 de maio, "600.000 pessoas já saíram", segundo a ONU.
Netanyahu garantiu que Israel evitou uma "catástrofe humanitária" na cidade, onde cerca de 1,4 milhão de habitantes de Gaza se aglomeravam até agora, afirmando que "quase meio milhão de pessoas" já haviam deixado o local.
A operação e suas consequências para os civis preocupam a comunidade internacional, a começar pelos Estados Unidos, principal aliado de Israel.
Cais para envio de ajuda
A ONU estima que a fome ameaça a maior parte dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza.
No entanto, o Exército afirmou que 365 caminhões com ajuda humanitária entraram nesta quinta-feira em território palestino pelas passagens de Kerem Shalom e Erez, na Faixa de Gaza.
Por outro lado, os Estados Unidos anunciaram que suas tropas terminaram de instalar um cais temporário em uma praia do território palestino.
Espera-se que a ajuda humanitária "comece a desembarcar nos próximos dias", declarou o Comando Militar americano para o Oriente Médio (Centcom) na rede social X.
O cais, que custou pelo menos US$ 320 milhões (quase R$ 1,7 bilhão, na cotação atual), é parte dos esforços internacionais para contornar as restrições de acesso terrestre à Faixa de Gaza, impostas por Israel.
O conflito eclodiu após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro, que matou mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.
Além disso, mais de 250 pessoas foram sequestradas pelos islamistas durante o ataque, e 128 permanecem em cativeiro em Gaza, das quais se acredita que 38 morreram, segundo o Exército israelense.
Israel afirmou hoje que dois reféns tailandeses, que se acreditava que estivessem sendo mantidos como reféns em Gaza, morreram nos ataques de 7 de outubro e que seus corpos estão retidos no território palestino.
Por outro lado, a resposta militar de Israel já provocou a morte de pelo menos 35.272 pessoas, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007.
Força de paz da ONU
Apesar dos confrontos na região, o patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, fez uma "visita pastoral" a Gaza, para transmitir uma "mensagem de esperança, solidariedade e apoio", anunciou o Patriarcado nesta quinta-feira.
Em uma tentativa de pôr fim à guerra, a Liga Árabe, reunida no Bahrein, pediu o estabelecimento de uma força de manutenção de paz da ONU nos territórios palestinos ocupados até que seja implementada uma solução de dois Estados e um cessar-fogo "imediato".
Durante a cúpula, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, acusou o Hamas de ter "dado pretexto" a Israel para atacar a Faixa de Gaza com seu ataque de outubro.
O movimento islamista palestino, por sua vez, expressou sua desaprovação às declarações de Abbas, que exerce autoridade limitada na Cisjordânia ocupada, e, em outro comunicado, apelou aos países árabes "irmãos" para que "tomem as medidas necessárias" para obrigar Israel a "cessar sua agressão" em Gaza.
Perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), a África do Sul acusou Israel de intensificar o que classificou como "genocídio" em Gaza e pediu ao tribunal que ordene o fim da ofensiva israelense em Rafah.
Na sexta-feira, será a vez da réplica de Israel, que defende seu compromisso "inabalável" com o direito internacional e assegura que as alegações são "totalmente infundadas".
Em uma sentença emitida em janeiro, a CIJ ordenou a Israel que fizesse tudo o que fosse possível para evitar atos de genocídio e permitisse a entrada de ajuda humanitária em Gaza, mas não pediu um cessar-fogo.
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