Kamala Harris reuniu apoio necessário para ser indicada como candidata do Partido DemocrataAFP

Kamala Harris fará um comício, nesta terça-feira (23), em Wisconsin, um estado-chave para derrotar Donald Trump, com a tranquilidade de ter reunido o apoio necessário para ser indicada como candidata do Partido Democrata às eleições presidenciais de novembro.
A vice-presidente tem menos de quatro meses para convencer os americanos de que é a pessoa certa para liderar a maior potência mundial.
Harris, de 59 anos, chegou nesta terça a Milwaukee para o comício em Wisconsin (norte).
Esta localidade da região dos Grandes Lagos também foi sede, há poucos dias, da Convenção Republicana, que consagrou o líder do partido, Donald Trump, após ele ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato.
Mas o Wisconsin é também um dos cinco ou seis estados que decidirão o rumo das eleições presidenciais de 5 de novembro.
Trump liderava a disputa no estado contra Biden, mas ainda é cedo para saber se manterá a vantagem contra Harris.
- Apoio maciço -
Em um discurso na noite de segunda-feira em Delaware (leste), a vice-presidente deu o tom de sua campanha como substituta do presidente Joe Biden, que desistiu da disputa no domingo, após semanas de pressão dos democratas, que questionaram sua capacidade de disputar um segundo mandato.
Harris atacou duramente Trump em seu discurso em Delaware.
"Ouçam-me quando digo que conheço o tipo (de pessoa) que é Donald Trump", disse Kamala, remontando à época de procuradora na Califórnia, quando precisou lidar com "predadores que abusaram de mulheres, fraudadores que enganaram consumidores, trapaceiros que quebraram as regras em benefício próprio".
"Levaremos nosso caso ao povo americano e vamos ganhar", disse Harris, cuja candidatura despertou o entusiasmo da base democrata após semanas difíceis. A prova disso são os mais de US$ 100 milhões (R$ 558 milhões na cotação atual) arrecadados desde o anúncio de sua pré-candidatura, informou sua equipe de campanha nesta terça.
A ex-senadora pela Califórnia confirmou, como era esperado, que as questões sociais, sobretudo o direito ao aborto, estarão no centro de sua campanha.
Sua escolha como candidata é dada como certa durante a Convenção Democrata marcada para 19 de agosto em Chicago (norte).
A maioria dos delegados do partido (cerca de 4.000 pessoas encarregadas de nomear oficialmente um candidato ou uma candidata) manifestaram intenção de apoiá-la.
"Espero poder aceitar formalmente esta indicação em breve", afirmou a única mulher vice-presidente na história dos Estados Unidos.
Joe Biden, de 81 anos, pediu aos democratas que apoiem a candidatura de sua vice porque "ela é a melhor". Nesta terça, Biden volta para a Casa Branca depois de passar quase uma semana isolado em sua casa em Delaware devido à covid-19. Na noite desta quarta-feira, ele dará um discurso à nação para explicar os motivos de sua desistência da disputa à reeleição.
O apoio à sua substituta na campanha é maciço, a começar pelo governo.
- "Uma voz forte" -
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, declarou que a política externa é o "ponto forte" de Harris. "É uma voz muito forte, muito eficaz e profundamente respeitada", afirmou à imprensa.
Os líderes democratas no Senado e na Câmara de Representantes, respectivamente Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, declararam apoio a Kamala nesta terça.
"Agora que o processo se desenvolveu desde a base, de baixo para cima, estamos aqui hoje para dar o nosso apoio à vice-presidente Kamala Harris", disse o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, em uma coletiva de imprensa conjunta com o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries.
Eles engrossam, assim, uma longa lista de apoios, como o de vários governadores, alguns dos quais vistos como potenciais adversários antes de se pronunciarem, e de outros pesos pesados do partido, como a ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
Além disso, recebeu o apoio da filantropa Melinda French Gates, ex-esposa do cofundador da Microsoft, Bill Gates, e do ator George Clooney. Este último, um grande ativista democrata, tomou a iniciativa há algumas semanas para pedir que Biden se afastasse e desse lugar a um candidato com maiores chances após seu fraco desempenho em um debate contra Trump em junho.
O poderoso sindicato metalúrgico USW se juntou à onda de apoio à democrata, destacando em um comunicado que Harris sempre defendeu os interesses dos trabalhadores.
O único democrata de peso que ainda falta se posicionar publicamente é o ex-presidente Barack Obama, muito influente no partido.