Netanyahu afirmou que Hezbollah 'pagará preço elevado' pelo ataque no sábado (28)Amir Cohen / Arquivo / AFP

O ministro da Defesa de Israel prometeu neste domingo (28) atacar com força o inimigo, após um bombardeio atribuído ao Hezbollah libanês que matou 12 pessoas no sábado nas Colinas de Golã anexadas, o que gera o temor de uma guerra regional derivada do conflito em Gaza.

Israel atacará "com força o inimigo", declarou Yoav Gallant em Majdal Shams, a cidade que sofreu o bombardeio, segundo um comunicado divulgado pelo ministério.

O governo de Israel afirma que um foguete lançado do Líbano matou 12 jovens com idades entre 10 e 16 anos no momento em que estavam em um campo de futebol de Majdal Shams, nas Colinas de Golã. Trinta pessoas ficaram feridas no ataque.

O Irã, que apoia o movimento islamista libanês Hezbollah, alertou que um ataque de represália israelense teria "consequências imprevisíveis" na região, cenário desde 7 de outubro de uma guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.

"Qualquer ação (...) do regime sionista pode agravar a instabilidade, a insegurança e a guerra na região", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani.

O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, atribuiu o ataque ao Hezbollah e afirmou que o movimento islamista libanês cruzou "todas as linhas vermelhas" ao disparar "deliberadamente contra civis".

"O projétil que matou os nossos meninos e meninas era um foguete iraniano e o Hezbollah é a única organização terrorista que tem este foguete em seu arsenal", acrescentou em um comunicado do ministério.

Israel afirmou que o projétil era um foguete iraniano do tipo Falaq com uma ogiva de 53 quilos.

O grupo libanês, aliado do movimento islamista palestino Hamas em Gaza, negou estar por trás do disparo fatal. Desde 8 de outubro, o Hezbollah e o Exército israelense trocam disparos quase diariamente na fronteira entre os dois países.

Hezbollah pagará um 'preço elevado'
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou no sábado que o Hezbollah pagará "um preço elevado" pelo ataque, que aconteceu após a morte no Líbano de quatro combatentes do movimento islamista em um bombardeio israelense no sul do país.

O Hezbollah admitiu no sábado que disparou foguetes contra posições militares nas Colinas de Golã, mas negou estar por trás do lançamento contra a cidade drusa de Majdal Shams, que tem 11 mil habitantes.

"Israel não deixará este ataque mortal sem resposta", insistiu Netanyahu, segundo um comunicado de seu gabinete.

O mandatário israelense presidirá uma reunião do gabinete de Segurança depois de retornar dos Estados Unidos. O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou neste domingo em Tóquio que "todos os indícios" mostram que o foguete foi disparado pelo Hezbollah libanês.

As Colinas de Golã são uma região estratégica na fronteira entre três países (Síria, Líbano, Israel) que foi conquistada em grande parte por Israel durante a guerra israelense-árabe de 1967.

Israel anexou dois terços do território em 1981 e a comunidade internacional nunca reconheceu a anexação. Milhares de pessoas compareceram neste domingo aos funerais das pessoas assassinadas no bombardeio.

Este foi o "ataque mais violento contra civis israelenses desde 7 de outubro", afirmou o porta-voz do Exército do país, Daniel Hagari, ao citar a data do ataque do Hamas contra Israel que iniciou a guerra em Gaza.

Reunião em Roma
A ONU fez um alerta contra uma "grande conflagração" na região e a União Europeia (UE) pediu uma "investigação internacional independente" sobre o ataque. O bombardeio foi condenado pela França, Alemanha, Reino Unido e Suíça. A Síria, por sua vez, denunciou as "mentiras" e "acusações falsas" de Israel contra o Hezbollah.

Apesar dos pedidos de calma na região e de um cessar-fogo em Gaza, os combates não dão trégua no território palestino cercado. A guerra começou quando comandos islamistas mataram 1.197 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

O Exército israelense calcula que 111 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 39 que estariam mortas. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que matou pelo menos 39.324 pessoas em Gaza, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.

Os bombardeios só foram interrompidos durante uma trégua de uma semana em novembro, mas as negociações para um novo cessar-fogo e a libertação de reféns fracassaram desde então.

Uma nova reunião acontecerá neste domingo em Roma entre representantes dos países mediadores - Egito, Estados Unidos e Catar - e o diretor do serviço de inteligência de Israel.