Bombardeios causam destruição em GazaBashar Taleb/AFP
Tanto o Irã como os seus aliados acusam Israel de ter matado Ismail Haniyeh, líder do movimento islamista palestino Hamas, em 31 de julho, durante uma visita que fez a Teerã para a cerimônia de posse do presidente Masud Pezeshkian.
Israel não comentou o ataque e os seus aliados ocidentais instaram o Irã a moderar as suas ameaças de vingar a morte. O ataque a Haniyeh ocorreu horas depois de um bombardeio israelense em Beirute, que matou um comandante militar do poderoso movimento libanês Hezbollah, apoiado pela República Islâmica.
A escalada das tensões suscitou receios de uma expansão do conflito iniciado há mais de 10 meses na Faixa de Gaza, desencadeado após um ataque no sul de Israel em 7 de outubro.
Os bombardeios no território palestino governado pelo Hamas cessaram apenas durante uma semana, devido a uma uma trégua no final de novembro. O cessar-fogo permitiu que prisioneiros palestinos fossem trocados por reféns israelenses capturados por comandos islamistas durante a sua incursão em Israel.
As negociações de cessar-fogo devem ser retomadas na quinta-feira. Um representante do Hamas disse que o grupo islamista – considerado uma organização "terrorista" por Estados Unidos, Israel e União Europeia – continua as "suas consultas com mediadores".
"O Hamas quer realmente o fim da guerra e um acordo de cessar-fogo baseado no plano [de Joe Biden]", disse outro dirigente do Hamas, referindo-se à proposta que o presidente americano apresentou em 31 de maio.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, detalhou na terça-feira suas condições para uma trégua, incluindo "um veto a alguns prisioneiros" libertados de suas prisões. Biden afirmou na terça-feira que uma trégua em Gaza poderia impedir o Irã de atacar Israel.
O seu emissário para o conflito, Amos Hochstein, visitou Beirute nesta quarta-feira, onde alertou para a necessidade urgente de se chegar a um cessar-fogo em Gaza.
Na terça-feira, o Irã recusou-se a abandonar as ameaças contra Israel. Teerã "está determinado a defender a sua soberania (...)", declarou Naser Kanani, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano.
Israel em 'alerta máximo'
Uma balsa avistada na cidade cipriota de Limassol, a cerca de 370 quilômetros de Gaza, estava preparada para prestar assistência "em caso de evacuação da zona de conflito", disse um porta-voz do seu fretador.
Diante da ameaça de um ataque iraniano, o Museu de Arte de Tel Aviv anunciou que colocou em um cofre subterrâneo as suas obras mais importantes, incluindo pinturas de Pablo Picasso e Gustav Klimt.
Washington aprovou na terça-feira mais de US$ 20 bilhões (R$ 109 bilhões) em novas vendas de armas para Israel, incluindo 50 caças F-15. O governo dos Estados Unidos enviou um grupo de ataque de porta-aviões e um submarino com mísseis guiados para a área, em apoio a Israel.
O conflito eclodiu em 7 de outubro com o ataque do Hamas ao sul de Israel, que matou 1.198 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.
Os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas. O Exército israelense afirma que 111 permanecem em Gaza, embora acredite que 39 tenham morrido.
Israel prometeu destruir o Hamas e iniciou uma campanha militar em Gaza que já deixou 39.965 mortos, segundo o Ministério da Saúde do território, que não fornece uma discriminação das mortes de civis e militantes.
Nas últimas 24 horas, o Exército israelense afirmou ter atacado "mais de 40" alvos no território. A agência de Defesa Civil de Gaza afirmou que as suas equipes retiraram quatro pessoas da mesma família dos escombros de um complexo residencial perto de Khan Yunis.
"Estávamos dormindo (...) e fomos surpreendidos por um míssil lançado contra os moradores, as crianças, seu pai e sua mãe", disse JIhad al Sharif à AFPTV no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza.
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