Vírus da zona úmida (WELV na sigla em inglês) afeta o cérebro e provoca sintomas graves de acordo com especialistasReprodução
Novo vírus ataca o cérebro e especialistas fazem alerta
'Vírus da zona úmida' foi detectado em um homem de 61 anos, na China
Pesquisadores do Instituto de Microbiologia e Epidemiologia de Pequim identificaram um novo vírus, batizado de 'vírus de zona úmida' (WELV na sigla em inglês), que afeta o cérebro e provoca sintomas graves. O patógeno foi detectado em um homem de 61 anos picado por um carrapato na Mongólia Interior, região conhecida por seu clima quente e úmido. O paciente, internado na cidade de Jinzhou, apresentou febre, dores de cabeça e vômito, mas não respondeu a antibióticos, sugerindo uma infecção viral. O caso, que ocorreu em 2019, foi publicado no 'New England Journal of Medicine', no último dia 4.
Exames de DNA e RNA revelaram o WELV, um ortonairovírus até então desconhecido. Após a detecção, os pesquisadores realizaram novos testes em pacientes que relataram febre na região e encontraram mais 20 casos positivos. Além dos sintomas iniciais, alguns pacientes tiveram mal-estar, dores nas costas, náusea, diarreia e inchaço de gânglios linfáticos. Um dos casos mais graves resultou em coma, com acúmulo de fluido no cérebro e na medula espinhal. No entanto, todos os infectados se recuperaram após internações que variaram de 4 a 15 dias. Não houve mortes relatadas.
No entanto, em testes laboratoriais com ratos, o WELV demonstrou ser altamente agressivo, afetando diversos órgãos, principalmente o sistema nervoso. Algumas das cobaias infectadas morreram depois de diversos órgãos serem afetados de maneira agressiva. O estudo sugere que o vírus ainda é pouco conhecido, mas alerta para a sua potencial gravidade.
Pesquisadores também investigaram a presença do WELV em carrapatos e animais do norte da China, encontrando o vírus em cerca de 2% dos 14.600 carrapatos analisados, especialmente na espécie Haemaphysalis concinna, que pertence à família do carrapato-estrela, que é conhecido no Brasil por transmitir a febre maculosa, que é mortal. Além disso, o vírus foi detectado em ovelhas, cavalos, porcos e no Zokor Transbaikal, uma espécie de roedor muito comum na região. Cães e gado não foram infectados, mas apresentaram anticorpos contra o vírus.
O estudo ainda identificou 12 guardas florestais com anticorpos contra o WELV, o que pode abrir caminho para novas pesquisas sobre a imunidade ao vírus. Embora o WELV permaneça enigmático, ele pertence à mesma família do vírus da febre hemorrágica da Crimeia-Congo, uma doença rara, mas fatal, transmitida por carrapatos.
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