Biden encorajou os empregadores "a regressarem à mesa de negociações e a apresentarem um acordo justo"Kent Nishimura/AFP
As negociações entre a Aliança Marítima dos Estados Unidos (USMX), que representa os empregadores, e o sindicato ILA, "estão estagnadas", afirmou.
O sindicato anunciou que fechou (as atividades em) todos os portos do Maine ao Texas. "Estamos dispostos a lutar o tempo que for necessário (...) para obter os salários e as proteções contra a automatização (do trabalho) que nossos membros da ILA merecem", afirmou nesta terça-feira o presidente do sindicato, Harold Daggett, em um comunicado.
Cerca de 45 mil trabalhadores estão em greve, segundo informou a ILA.
O conflito representa um grande desafio para o governo, especialmente para a vice-presidente Kamala Harris, que busca suceder a Biden, uma vez que ambos tentam construir uma imagem favorável aos sindicatos antes da eleição presidencial de novembro.
Até agora, o presidente descartou uma intervenção federal, apesar do contexto de tensão.
Biden encorajou os empregadores “a regressarem à mesa de negociações e a apresentarem um acordo justo aos trabalhadores”, disse nesta terça-feira a porta-voz Karine Jean-Pierre, que lembrou a “contribuição substancial” destes trabalhadores para a recuperação econômica dos Estados Unidos.
Na noite de segunda-feira, as duas partes anunciaram que haviam retomado as negociações, iniciadas em maio e estagnadas em torno de salários e da automatização do trabalho.
Segundo uma fonte próxima às conversas, a proposta mencionada pela Aliança foi rejeitada pelo sindicato na segunda-feira.
A ILA planejava iniciar uma greve em 14 portos da costa leste e do Golfo do México assim que o atual acordo de seis anos expirasse. A USMX representa os empregadores de 36 portos.
Por sua vez, o sindicato de estivadores conta com 85.000 afiliados em todo o território americano, incluindo trabalhadores de portos marítimos, rios e lagos.
A Oxford Economics estima que a greve custará entre 4,5 e 7,5 bilhões de dólares (R$ 24,5 bilhões e R$ 40,8 bilhões) por semana à economia dos Estados Unidos. O impacto total depende da duração da paralisação, afirmaram seus analistas.
O transporte de hidrocarbonetos e produtos agrícolas, e até mesmo os cruzeiros, não deve ser muito afetado.
Neste caso, o acordo coletivo abrange cerca de 25.000 trabalhadores sindicalizados da ILA em grandes portos como Nova York/Nova Jersey, Boston, Filadélfia, Savannah, Nova Orleans e Houston.
"Trabalhamos durante a pandemia de covid. Nunca paramos. Fizemos com que o mundo continuasse funcionando", lembrou Jonita Carter, que trabalha em portos há 23 anos. "Com a automatização, perderemos nossos empregos."
Carter era uma das cerca de 200 pessoas em uma manifestação em frente ao Maher Terminals, um dos principais locais do Port Elizabeth, o grande porto de Nova York/Nova Jersey.
A governadora de Nova York, Kathy Hochul, disse na segunda-feira que as autoridades portuárias estavam tentando liberar a maior quantidade possível de mercadorias antes da paralisação.
O sindicato exige proteção contra a perda de empregos relacionada à automatização de processos e pede aumentos salariais para os estivadores.
Relatos da imprensa indicam que a ILA pede um aumento salarial de 77% em sete anos.
A USMX indicou na segunda-feira que sua última oferta teria "aumentado salários em cerca de 50%, triplicado as contribuições patronais para os planos de aposentadoria e fortalecido os planos de saúde".
Uma greve nos portos "paralisaria o comércio dos Estados Unidos e aumentaria os preços em um momento em que consumidores e empresas começam a sentir alívio da inflação", afirmou Erin McLaughlin, economista do Conference Board, uma organização sem fins lucrativos que investiga a atividade comercial.
"Não há uma alternativa fácil. Os armadores já começaram a redirecionar algumas cargas para a costa oeste, mas a capacidade desta opção é limitada", alertou o especialista.
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