Polícia de Washington prevê a presença de mais de 50.000 pessoas em discurso de Kamala HarrisAFP

Kamala Harris vai apelar nesta terça-feira (29) aos americanos para que virem a página e recuperem o otimismo, no local onde Donald Trump discursou a seus apoiadores antes do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

A ideia é que a vice-presidente e candidata presidencial democrata atue como uma procuradora, sua antiga profissão, e o público como júri.

Ao sul da cerca da Casa Branca, na Elipse, o parque onde se coloca a tradicional árvore de Natal, Kamala destacará que seu rival é "alguém totalmente absorvido por seu infinito desejo de vingança" que não está interessado "nas necessidades do povo americano", segundo sua equipe de campanha.

A polícia de Washington prevê a presença de mais de 50.000 pessoas.

'Duas abordagens'
Aquela que pode se tornar a primeira mulher negra presidente dos Estados Unidos enfatizará as "duas abordagens diferentes" para o país. Lembrará que Trump está focado em sua "lista de inimigos" e ela, em uma "lista de tarefas".

Quando entrou na campanha após a desistência do presidente Joe Biden, a vice-presidente acelerou, permitindo que o partido levantasse o ânimo e assumisse a dianteira nas pesquisas nacionais, mas, com o passar das semanas, a vantagem caiu.

Agora os dois estão nivelados nas pesquisas, com um empate técnico nos sete estados-pêndulos que decidirão o resultado das eleições.

Trump fará um comício à noite em Allentown, na Pensilvânia, talvez o mais importante desses estados decisivos.

A Pensilvânia conta com meio milhão de porto-riquenhos, furiosos com os republicanos desde que, no domingo, um humorista os insultou em comício de Trump em Nova York.

"Há uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano neste momento, acho que se chama Porto Rico", declarou o comediante Tony Hinchcliffe, além de zombar dos latinos dizendo que "adoram fazer bebês", parodiar judeus e palestinos e debochar de um homem negro, com o estereótipo de que afro-americanos gostam muito de melancia.

A equipe de campanha do magnata republicano tentou se distanciar do humorista, mas, nesta terça-feira, Trump chamou o evento de "festival do amor".

"Os políticos que fazem isso há muito tempo - 30, 40 anos - disseram que nunca houve um ato tão bonito. Foi como um festival do amor, um absoluto festival do amor, e foi uma honra para mim participar", afirmou o ex-presidente em um ato de campanha em sua mansão na Flórida.

'Salvar os Estados Unidos'
Em um discurso mais uma vez marcado por uma feroz retórica anti-inimigração, Trump prometeu "lutar como loucos nos próximos sete dias".

"Vamos salvar os Estados Unidos, não temos outra opção", disse, e acusou sua adversária de contar "mentiras" e proferir "calúnias [...] muito vergonhosas e realmente imperdoáveis".

Trump está na defensiva devido às acusações de seu ex-chefe de gabinete na Casa Branca, que afirma que ele se encaixa na definição de fascista e que no passado elogiou Adolf Hitler.

"Eu não sou um nazista", defendeu-se Trump na segunda-feira em um comício.

O medo de que o caos de quatro anos atrás se repita e Trump volte a se recusar a aceitar o resultado caso perca pesa muito sobre essas eleições.

Steve Bannon, ex-assessor de Trump que foi preso por se negar a depor diante do Congresso sobre o ataque ao Capitólio, foi libertado nesta terça.

Muita coisa mudou na política desde que esse influente podcaster de direita foi preso em 1º de julho. Trump sobreviveu a duas tentativas de assassinato, enquanto Kamala substituiu Biden na corrida à Casa Branca.

A vice-presidente prometeu que os Estados Unidos "não voltarão" à era Trump.