Autoridades ainda não divulgaram número de desaparecidos em Valência Jose Jordan/AFP
Um dia após um domingo caótico, quando os reis da Espanha e o primeiro-ministro foram recebidos com insultos e bolas de lama por uma população desesperada e enfurecida em uma das localidades afetadas na região de Valência, a prioridade continua sendo a localização dos desaparecidos e a identificação dos corpos.
Para isso, o chefe da Unidade Militar de Emergências (UME), atualmente em operação na Comunidade Valenciana, explicou que está sendo preparado um necrotério para 400 corpos, quase 200 a mais do que o número atual.
"Preparamos um necrotério que hoje tem capacidade para 400 falecidos", explicou Javier Marcos, general-chefe da UME, em coletiva de imprensa em Madri.
"Estes falecidos não se encontram em condições, como podem imaginar, de normalidade [...] Precisam de um espaço digno, uma atenção digna", acrescentou Marcos.
"O local está devastado na parte superior. E a parte inferior é uma incógnita terrível. Não temos certeza do que vamos encontrar", disse o prefeito da cidade, Guillermo Luján, à emissora pública de televisão TVE.
O chefe da UME disse que "todas as capacidades das Forças Armadas para esvaziar esse estacionamento estão em andamento, mas há milhões de litros".
Os mergulhadores conseguiram entrar no estacionamento, mas até o final da manhã, a polícia informou que não havia encontrado corpos nos 50 veículos inspecionados.
A agência estatal de meteorologia, Aemet, trouxe um certo alívio ao assegurar que a "crise meteorológica" sobre Valência havia terminado, mas a preocupação se deslocou para o norte, até Barcelona, onde foi decretado alerta vermelho por algumas horas.
As autoridades alertam que o número de vítimas continuará aumentando e, até o momento, não divulgaram uma cifra de desaparecidos.
Nas localidades mais afetadas pelas inundações, a população demonstra angústia e irritação, com as ruas ainda bloqueadas por carros empilhados ou móveis arrastados pela correnteza e áreas ainda sem energia elétrica ou sinal de telefonia.
"Eu nasci aqui e perdi tudo", declarou à AFP Teresa Gisbert, de 62 anos, em Sedaví, uma localidade de 10.000 habitantes ao sul de Valência. A água passou de um metro de altura em sua residência.
Dia de fúria
Em um cenário de grande tensão, Sánchez foi retirado do local e Mazón deixou a área pouco depois, mas os reis, com a roupa e o rosto manchados de lama, ficaram durante algum tempo tentando conversar com as pessoas, protegidos por seus seguranças, que foram empurrados.
Após alguns minutos, os dois se retiraram do local e cancelaram a visita à outra cidade afetada.
Devido às más condições das estradas e ao dia chuvoso, as autoridades mantiveram nesta segunda-feira as restrições de tráfego em várias estradas da região de Valência, onde as escolas permanecerão fechadas.
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