Kamala Harris e Donald Trump disputam eleições presidenciais nos EUAAngela Weiss, Kamil Krzaczynski/AFP

Os Estados Unidos estão com a respiração suspensa, nesta terça-feira (5), à espera da definição de quem será seu próximo presidente - a democrata Kamala Harris ou o republicano Donald Trump - após o fechamento das primeiras seções de votação.

É possível que os resultados das eleições presidenciais, umas das mais disputadas da história contemporânea do país, não sejam conhecidos esta noite.

Mas a sorte foi lançada em vários estados, como Indiana, Kentucky, Carolina do Sul, Vermont, Virgínia e Virgínia Ocidental.

E também na Geórgia, que juntamente com Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Carolina do Norte, Arizona e Nevada - os chamados estados-pêndulo - vão decidir quem será o próximo inquilino da Casa Branca: a vice-presidente Kamala Harris, de 60 anos, ou o ex-presidente Donald Trump, de 78.

Os outros estados costumam apoiar tradicionalmente os republicanos ou os democratas.

Em um país muito polarizado politicamente, os americanos vivem esta noite eleitoral com ansiedade.

Os resultados vão surgir a conta-gotas neste pleito que pode coroar Kamala como a primeira mulher a presidir os Estados Unidos ou devolver as chaves da Casa Branca a Trump. Até o último minuto de campanha, os dois candidatos estiveram empatados nas intenções de voto.

Projeções da imprensa dão Trump como vencedor em Indiana, Kentucky, Virgínia Ocidental, Flórida, Alabama, Missouri, Oklahoma e Tennessee, enquanto Kamala aparece como ganhadora em Vermont, Maryland, Massachusetts e em Washington DC.

Ao longo do dia de votação, houve vários alertas de bomba em centros de votação, que o FBI (polícia federal americana) atribuiu à Rússia, e um homem cheirando a combustível e portando um sinalizador foi detido no Capitólio, sede do Legislativo em Washington, DC, que há quatro anos foi atacada por apoiadores de Trump após sua derrota.

Após votar na Flórida, Trump disse sentir-se "muito confiante" em sua vitória.

"Se perder as eleições, se forem eleições justas, serei o primeiro a reconhecer. Até agora, acho que têm sido justas", afirmou.

Mais tarde, porém, ele fez menção a "rumores" de "fraudes maciças" na Filadélfia, no estado-pêndulo da Pensilvânia. Recentemente, ele já tinha acusado os democratas de "fazer trapaças".

'Muito divididos'
Qualquer que seja o vencedor, o resultado será histórico. Trump conquistaria um segundo mandato não consecutivo de um presidente desde 1893, e Kamala, negra e de ascendência sul-asiática, se tornaria a primeira mulher no cargo mais importante da nação.

Ela teve apenas três meses para tentar convencer o eleitorado. Entrou na campanha depois de o presidente Joe Biden desistir de disputar a reeleição em julho, e apoiá-la como sua sucessora.

Com um programa eleitoral vago, mas centrista para tentar convencer os republicanos moderados, ela propõe ações firmes contra a imigração ilegal, avanços para a classe média e a defesa do direito ao aborto.

Mundo de olho
Comício após comício, o republicano, que sofreu duas tentativas de assassinato durante a campanha, repetiu o roteiro de 2016 e 2020, apresentando-se como o candidato antissistema, próximo do povo e crítico ferrenho da elite de Washington.

O discurso é o mesmo de sempre: a luta contra os migrantes em situação irregular que, segundo ele, "envenenam o sangue" do país.

Trump já chamou os migrantes de "terroristas", "estupradores", "selvagens" e "animais" que saíram de "prisões e manicômios".

Condenado por um crime no final de maio e com quatro processos pendentes, o republicano, de 78 anos, pintou um cenário sombrio do país durante uma campanha dominada pela retórica violenta.

Trump insultou a candidata democrata, 60 anos, a quem chamou de "lunática radical da esquerda", "incompetente", "idiota" e pessoa com um "coeficiente intelectual baixo", entre outras ofensas. Ela respondeu chamando o adversário de "fascista".

Além disso, os últimos dias de campanha foram marcados pelo comentário de um humorista pró-Trump que disse que Porto Rico é como uma "ilha flutuante de lixo" ou por uma gafe do presidente Joe Biden que, em resposta, disse que "lixo" eram os eleitores do republicano.

O mundo acompanha o pleito com ansiedade. O resultado terá fortes consequências nos conflitos no Oriente Médio, na guerra na Ucrânia e na luta contra o aquecimento global, que Trump considera uma falácia.

Com relação ao comércio, o magnata tem uma arma, as tarifas, para "trazer de volta" as empresas. E dois alvos imediatos: México e China. O primeiro pelo "ataque" de "criminosos" e "drogas" e o segundo, segundo ele, por enviar fentanil através do país latino-americano.

Para ser eleito (ou eleita) presidente dos Estados Unidos não basta receber mais votos do que o rival. É preciso alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral, integrado por 538 delegados que teoricamente devem respeitar a vontade do povo.

Também está em jogo o controle do Congresso, com a renovação dos 435 assentos da Câmara dos Representantes e 34 dos 100 no Senado, além de vários governadores.

Alguns estados realizam referendos sobre o polêmico tema do direito ao aborto.

Incógnita
O que acontecerá a seguir é uma incógnita. Os dois lados iniciaram dezenas de ações legais.

Alguns centros de votação foram transformados em fortalezas, vigiados por drones e com atiradores de elite nos telhados.

Na capital federal, barreiras de metal cercam a Casa Branca e o Capitólio, e estabelecimentos comerciais protegeram suas vitrines com tábuas de madeira.

As imagens de 6 de janeiro de 2021, quando simpatizantes de Trump atacaram a sede do Congresso americano, continuam na memória de todos.