O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se manifestará nesta terça-feira (26), após uma reunião de seu gabinete de segurança para discutir um projeto de cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano, bombardeado novamente por Israel.
O gabinete do líder israelense não especificou sobre o que Netanyahu falará, mas a vice-ministra das Relações Exteriores, Sharren Haskel, havia dito anteriormente que a reunião incluiria "uma decisão".
"Ainda não chegamos lá, mas acredito que estamos na fase final" de um possível acordo para alcançar uma trégua entre Israel e Hezbollah, afirmou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, após uma reunião com seus pares do G7 na Itália.
As negociações para uma trégua "estão em bom caminho", concordou o ministro das Relações Exteriores italiano, Antonio Tajani.
Após dois meses de guerra aberta, Israel bombardeou novamente nesta terça o centro de Beirute, a capital libanesa, pouco depois de instar a população a evacuar quatro áreas da cidade, informou a agência oficial do Líbano, NNA.
Um primeiro ataque israelense no início da tarde no bairro de Nueiri deixou sete mortos e 37 feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Um deputado do Hezbollah, Amin Cherri, acusou Israel de querer "se vingar dos libaneses" justo antes de uma possível trégua ao intensificar seus ataques em Beirute e em sua periferia.
O exército israelense afirmou que mais de 20 projéteis foram disparados do Líbano contra Israel.
Israel "não tem desculpas" para rejeitar uma trégua, declarou nesta terça o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell.
A ONU, por sua vez, reiterou seu chamado a um "cessar-fogo permanente" no Líbano, Israel e na Faixa de Gaza, governada pelo movimento islamista palestino Hamas, aliado do Hezbollah.
Por sua vez, os ministros das Relações Exteriores do G7 expressaram apoio a "um cessar-fogo imediato entre Israel e Hezbollah" após uma reunião nos arredores de Roma.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, advertiu que seu país agirá "com força" em caso de violação de um possível cessar-fogo.
A guerra, que começou em outubro de 2023 entre Israel e a Faixa de Gaza, se espalhou para o Líbano desde setembro.
Dezenas de milhares de civis precisaram se deslocar das regiões de fronteira do norte de Israel e do sul do Líbano.
- "Não se pode confiar" - Segundo o site americano Axios, o acordo é baseado em um projeto americano que prevê uma trégua de 60 dias, período em que o Hezbollah e o exército israelense se retirariam do sul do Líbano para permitir a entrada das tropas libanesas na região.
O Axios informou que o governo dos Estados Unidos teria dado garantias sobre seu apoio a ações militares israelenses em caso de atos hostis do Hezbollah.
A mediação é baseada na resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU que acabou com a guerra anterior entre Israel e o Hezbollah, em 2006, que estipula que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz podem estar presentes na fronteira sul do Líbano.
O ministro de Segurança Nacional israelense, o político de extrema-direita Itamar Ben Gvir, considerou que um cessar-fogo seria "um grande erro".
Para Nahum Donita, morador de 60 anos de Tel Aviv, "está claro que não se pode confiar no Hezbollah, sempre mostraram isso. Mas, pior ainda, o governo israelense também não é confiável".
Israel diz que pretende neutralizar o movimento xiita no sul do Líbano para dar segurança à fronteira e permitir o retorno de 60.000 moradores deslocados.
Segundo o Ministério da Saúde libanês, quase 3.800 pessoas morreram no país desde outubro de 2023, a maioria desde setembro.
Do lado israelense, 82 militares e 47 civis morreram em 13 meses.
- Bombardeios deixam ao menos 22 mortos em Gaza - O exército israelense também continua com os ataques contra a sitiada Faixa de Gaza, onde ao menos 22 pessoas morreram na madrugada desta terça-feira, segundo a Defesa Civil.
Com a chegada do inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), milhares de deslocados tentam se proteger da chuva com recursos insignificantes.
"Tentamos tudo o que podemos para evitar que a água da chuva entre nas barracas para que as crianças não se molhem", disse Ayman Siam, pai de uma família de refugiados no campo de Yarmuk, na Cidade de Gaza, no norte do território.
A guerra começou após o ataque sem precedentes do Hamas contra o Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.207 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, que inclui os reféns mortos.
A ofensiva israelense de represália em Gaza deixou pelo menos 44.249 mortos, a maioria civis, segundo os dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.
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