Governo mexicano tentará convencer Trump sobre a inconveniência da medida tarifáriaAlfredo Estrella/AFP

Os Estados Unidos estariam dando "um tiro no pé" ao impor uma tarifa de 25% sobre as importações mexicanas, medida anunciada pelo presidente eleito Donald Trump, alertou o governo mexicano nesta quarta-feira (27).

"O impacto sobre as empresas é enorme. (...) Aproximadamente 400.000 empregos seriam perdidos" nos Estados Unidos, afirmou o secretário de Economia mexicano, Marcelo Ebrard, com base em um cálculo de seu departamento, fundamentado em números de empresas automotivas dos EUA que operam no México.

A previsão é um dos argumentos com os quais o governo mexicano tentará convencer Trump sobre a inconveniência da medida tarifária, anunciada na segunda-feira e que também afetaria o Canadá.

O objetivo de Trump é pressionar ambos os países vizinhos e parceiros no Acordo Estados Unidos-México-Canadá (T-MEC) para que – segundo o presidente eleito – ponham fim à "invasão" de drogas e migrantes irregulares para os Estados Unidos.

Os comentários do ministro mexicano se somam à carta que a presidente Claudia Sheinbaum enviou a Trump na terça-feira, alertando que nem "com ameaças nem com tarifas" será possível deter a migração irregular nem o consumo de drogas nos Estados Unidos.
Ebrard também destacou o efeito das tarifas sobre os consumidores, usando como exemplo o mercado de caminhonetes nos Estados Unidos, 88% das quais vêm do México. As tarifas elevariam o preço desses veículos ao consumidor em 3.000 dólares (R$ 17,5 mil), afirmou.

"O impacto principal dessa medida é contra o consumidor nos Estados Unidos. (...) Por isso, dizemos que é um tiro no pé", acrescentou o secretário durante a habitual coletiva de imprensa matinal de Sheinbaum.

Ebrard adiantou que o México proporá políticas para tornar a América do Norte o bloco comercial "mais seguro, produtivo e competitivo do mundo".

A proposta se baseia em três pilares: "segurança, migração e governança", para fomentar a criação de empregos, investimentos e otimização das cadeias regionais de suprimentos, afirmou.

Sheinbaum disse, por sua vez, que ainda não foi agendada uma reunião com Trump e sua equipe, encontro que a presidente propôs na carta que lhe enviou.
México, Estados Unidos e Canadá mantêm há três décadas um acordo comercial que foi renegociado durante o primeiro mandato de Trump (2017-2021), que alegou que o acordo prejudicava as empresas americanas, especialmente as automotivas.