Rebeldes sírios afirmam que libertaram todos os prisioneiros "detidos injustamente"MUHAMMAD HAJ KADOUR / AFP
Dezenas de pessoas saíram às ruas de Damasco, segundo imagens da AFPTV, para celebrar a queda do regime que era controlado há mais de meio século pela mesma família. Várias pessoas pisotearam um tapete de Hafez al-Assad, pai de Bashar.
Na praça dos Omeias, o barulho dos tiros em sinal de alegria se misturava com os gritos de "Allahu Akbar" ("Deus é grande").
"Esperávamos por este dia há muito tempo", disse Amer Batha por telefone à AFP da praça. "Não posso acreditar que estou vivendo este momento", acrescentou, sem conter as lágrimas de alegria.
Na televisão pública, os rebeldes anunciaram a queda do "tirano" Bashar al-Assad e a "libertação" de Damasco.
Também afirmaram que libertaram todos os prisioneiros "detidos injustamente" e pediram a proteção das propriedades do Estado sírio "livre".
A AFP não conseguiu confirmar com fontes oficiais o paradeiro do presidente, que governou a Síria com mão de ferro durante 24 anos.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Assad "fugiu de seu país" depois de perder o apoio da Rússia.
"Assad foi embora. "Seu protetor, Rússia, Rússia, Rússia, liderada por Vladimir Putin, não estava mais interessado em protegê-lo", escreveu em sua plataforma Truth Social.
A Casa Branca afirmou que o presidente em fim de mandato, Joe Biden, acompanha "com atenção os extraordinários acontecimentos" em curso na Síria.
Fim de uma "era obscura"
Após anos de estagnação, em 27 de novembro uma aliança rebelde liderada por islamistas iniciou uma ofensiva relâmpago no noroeste do país. Os insurgentes conquistaram rapidamente várias cidades, com o objetivo de chegar a Damasco e derrubar o presidente.
Também pediram aos sírios que fugiram para o exterior devido ao conflito que retornem para uma Síria "livre".
A guerra deixou meio milhão de mortos desde 2011 e dividiu o país em zonas de influência, com forças beligerantes apoiadas por potências estrangeiras.
Em um vídeo publicado em sua conta no Facebook, o primeiro-ministro sírio, Mohamed al-Jalali, afirmou que está disposto a cooperar com qualquer nova "liderança" eleita pelo povo.
"Depois de 50 anos de opressão sob o governo do partido Baath e 13 anos de crimes, tirania e deslocamento (desde o início da revolta em 2011), anunciamos hoje o fim da era obscura e o início de uma nova era para a Síria", afirmaram os rebeldes.
O Hezbollah libanês, um apoio crucial de Assad, retirou suas forças das imediações de Damasco e da região de Homs, no oeste do país, informou à AFP uma fonte próxima do movimento.
A coalizão de grupos rebeldes liderada pelo HTS, um grupo foi vinculado à Al Qaeda, conseguiu um avanço espetacular em apenas dez dias, tomando as cidades de Aleppo, Hama e Homs até sua entrada em Damasco neste domingo.
A ofensiva começou na província de Idlib, um reduto do HTS no noroeste da Síria, apesar dos ataques aéreos da Rússia, aliada do regime, e das operações terrestres.
As tropas do governo também perderam o controle da cidade de Daraa, berço da revolta de 2011 e localizada ao sul da capital, perto da fronteira com a Jordânia.
A ofensiva relâmpago não parou até chegar a Damasco.
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