Volodymyr Zelensky, Emmanuel Macron e Donald TrumpAFP

O presidente da Ucrânia disse neste domingo (8) que quer uma paz “justa e duradoura” com a Rússia, depois de se reunir em Paris com Donald Trump, que disse que “provavelmente” reduzirá a ajuda militar à ex-república soviética quando assumir o poder nos Estados Unidos.

O presidente francês, Emmanuel Macron, foi o anfitrião de um encontro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e Trump no Palácio do Eliseu, no sábado, em meio a temores em Kiev sobre a posição do novo governo dos EUA.

Zelensky declarou que a Ucrânia precisa de “uma paz justa e duradoura, uma paz que os russos não serão capazes de destruir em poucos anos”, disse ele na rede social neste domingo, referindo-se ao conflito que começou há quase três anos com a invasão russa.

Trump criticou abertamente a ajuda militar que os Estados Unidos fornecem à Ucrânia e certa vez afirmou que poderia acabar com o conflito em 24 horas, sem especificar como.

O presidente eleito, que assume o cargo nos Estados Unidos em 20 de janeiro, disse em uma entrevista transmitida neste domingo que seu governo “provavelmente” reduziria a ajuda à Ucrânia.

“Possivelmente. Sim, provavelmente, com certeza”, disse o magnata republicano no programa ‘Meet the Press’, da NBC, em uma entrevista gravada antes da reunião com o líder ucraniano.

No Truth Social, Trump havia declarado que “Zelensky (...) e a Ucrânia estariam dispostos a chegar a um acordo e acabar com a loucura”.

Zelensky se opôs obstinadamente a quaisquer concessões para pôr fim ao conflito, mas nos últimos meses suavizou sua posição diante das dificuldades do Exército ucraniano na linha de frente e dos sinais de cansaço que levaram a uma redução na ajuda das potências ocidentais.

“O mais importante é uma paz justa e garantias de segurança, fortes garantias de segurança para a Ucrânia”, disse o presidente ucraniano.

Zelensky sugeriu nos últimos dias que poderia abrir mão, pelo menos temporariamente, de territórios ocupados pela Rússia em troca de garantias de segurança da Otan e fornecimento de armas ocidentais.

Trump também disse na entrevista transmitida no domingo que considera deixar a Otan se os Estados Unidos não obtiverem um “acordo justo” e seus aliados não “pagarem suas contas”.

Em seus comentários, Zelensky divulgou números sobre as perdas durante o conflito, algo que ele geralmente evita, indicando que 43.000 soldados ucranianos foram mortos e 370.000 feridos desde o início do conflito.

Estimativas de várias fontes projetam que ambos os lados sofreram grandes perdas e que os números reais são maiores do que os relatados.

“Condições essenciais”
Zelensky não deu detalhes sobre uma possível negociação, mas um alto funcionário ucraniano indicou que foram discutidas “algumas condições-chave” para o fim da guerra.

“Não vamos revelar detalhes, mas os presidentes discutiram na reunião que deveria haver algo que garantisse a confiabilidade da paz”, acrescentou a fonte.

O Kremlin, por sua vez, acusou a Ucrânia de “se recusar” a negociar o fim do conflito e insistiu que suas condições para iniciar um diálogo de paz, que incluem a desistência de quatro regiões por parte de Kiev, continuam em vigor no país.

“O lado ucraniano se recusou e se recusa a negociar”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, referindo-se a um decreto ucraniano de 2022 que exclui qualquer conversa com o presidente russo, Vladimir Putin.

A reunião de Zelensky com Trump, pouco antes de ambos participarem da reabertura da catedral de Notre-Dame de Paris, foi o primeiro encontro cara a cara entre os dois desde que o republicano venceu a eleição presidencial em 5 de novembro.

A viagem de Trump foi sua primeira visita internacional desde sua vitória.

Horas depois da reunião entre Macron, Zelensky e Trump, o presidente dos EUA, Joe Biden, democrata, anunciou um novo pacote de ajuda militar de US$ 988 milhões (5 bilhões de reais) para a Ucrânia.

O pacote inclui drones, munição para lançadores de foguetes HIMARS e equipamentos e peças de reposição para sistemas de artilharia, tanques e veículos blindados, informou o Pentágono.

No terreno, o Ministério da Defesa russo anunciou que Moscou abateu 46 drones ucranianos na noite de sábado nas regiões de fronteira e no sul da Rússia.

Além disso, as autoridades russas anunciaram que suas forças tomaram o povoado de Blahodatne no leste da Ucrânia, confirmando o avanço do Exército russo na frente oriental.