Volodymyr Zelensky, Emmanuel Macron e Donald TrumpAFP
O presidente francês, Emmanuel Macron, foi o anfitrião de um encontro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e Trump no Palácio do Eliseu, no sábado, em meio a temores em Kiev sobre a posição do novo governo dos EUA.
Zelensky declarou que a Ucrânia precisa de “uma paz justa e duradoura, uma paz que os russos não serão capazes de destruir em poucos anos”, disse ele na rede social neste domingo, referindo-se ao conflito que começou há quase três anos com a invasão russa.
Trump criticou abertamente a ajuda militar que os Estados Unidos fornecem à Ucrânia e certa vez afirmou que poderia acabar com o conflito em 24 horas, sem especificar como.
O presidente eleito, que assume o cargo nos Estados Unidos em 20 de janeiro, disse em uma entrevista transmitida neste domingo que seu governo “provavelmente” reduziria a ajuda à Ucrânia.
“Possivelmente. Sim, provavelmente, com certeza”, disse o magnata republicano no programa ‘Meet the Press’, da NBC, em uma entrevista gravada antes da reunião com o líder ucraniano.
No Truth Social, Trump havia declarado que “Zelensky (...) e a Ucrânia estariam dispostos a chegar a um acordo e acabar com a loucura”.
Zelensky se opôs obstinadamente a quaisquer concessões para pôr fim ao conflito, mas nos últimos meses suavizou sua posição diante das dificuldades do Exército ucraniano na linha de frente e dos sinais de cansaço que levaram a uma redução na ajuda das potências ocidentais.
“O mais importante é uma paz justa e garantias de segurança, fortes garantias de segurança para a Ucrânia”, disse o presidente ucraniano.
Zelensky sugeriu nos últimos dias que poderia abrir mão, pelo menos temporariamente, de territórios ocupados pela Rússia em troca de garantias de segurança da Otan e fornecimento de armas ocidentais.
Trump também disse na entrevista transmitida no domingo que considera deixar a Otan se os Estados Unidos não obtiverem um “acordo justo” e seus aliados não “pagarem suas contas”.
Em seus comentários, Zelensky divulgou números sobre as perdas durante o conflito, algo que ele geralmente evita, indicando que 43.000 soldados ucranianos foram mortos e 370.000 feridos desde o início do conflito.
Estimativas de várias fontes projetam que ambos os lados sofreram grandes perdas e que os números reais são maiores do que os relatados.
“Condições essenciais”
“Não vamos revelar detalhes, mas os presidentes discutiram na reunião que deveria haver algo que garantisse a confiabilidade da paz”, acrescentou a fonte.
O Kremlin, por sua vez, acusou a Ucrânia de “se recusar” a negociar o fim do conflito e insistiu que suas condições para iniciar um diálogo de paz, que incluem a desistência de quatro regiões por parte de Kiev, continuam em vigor no país.
“O lado ucraniano se recusou e se recusa a negociar”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, referindo-se a um decreto ucraniano de 2022 que exclui qualquer conversa com o presidente russo, Vladimir Putin.
A reunião de Zelensky com Trump, pouco antes de ambos participarem da reabertura da catedral de Notre-Dame de Paris, foi o primeiro encontro cara a cara entre os dois desde que o republicano venceu a eleição presidencial em 5 de novembro.
A viagem de Trump foi sua primeira visita internacional desde sua vitória.
Horas depois da reunião entre Macron, Zelensky e Trump, o presidente dos EUA, Joe Biden, democrata, anunciou um novo pacote de ajuda militar de US$ 988 milhões (5 bilhões de reais) para a Ucrânia.
O pacote inclui drones, munição para lançadores de foguetes HIMARS e equipamentos e peças de reposição para sistemas de artilharia, tanques e veículos blindados, informou o Pentágono.
No terreno, o Ministério da Defesa russo anunciou que Moscou abateu 46 drones ucranianos na noite de sábado nas regiões de fronteira e no sul da Rússia.
Além disso, as autoridades russas anunciaram que suas forças tomaram o povoado de Blahodatne no leste da Ucrânia, confirmando o avanço do Exército russo na frente oriental.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.