Suspeitos estariam envolvidos na prática de desmatamento ilegal e tráfico de árvores nativasThomas Bauer/Instituto Sociedade População e Natureza
Interpol prende 26 pessoas por desmatamento ilegal na fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai
Operação apreendeu cerca de mil troncos e 250 postes de madeira de quebracho
A Interpol e as autoridades paraguaias prenderam 26 suspeitos de envolvimento com desmatamento ilegal e tráfico de árvores nativas na região da tríplice fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai, informou a organização internacional de cooperação policial nesta segunda-feira (16).
"As autoridades paraguaias detiveram 26 pessoas e descobriram duas redes criminosas e 12 empresas supostamente dedicadas ao desmatamento ilegal e ao tráfico de espécies arbóreas nativas (...) no âmbito da operação liderada pelo Paraguai e coordenada pela Interpol", informou o comunicado da organização.
Durante a operação, denominada Panthera Onca, foram identificados 28 crimes distintos e apreendidos cerca de 1 mil troncos e 250 postes de madeira de quebracho, muito valorizada por sua densidade e alto conteúdo de tanino, informou a Interpol.
A região da tríplice fronteira é um "ponto crítico" tanto para o comércio legal quanto para as redes ilícitas devido à sua posição estratégica, onde convergem o nordeste da Argentina, o leste do Paraguai e o sul do Brasil, afirmou a organização internacional.
O desmatamento também está vinculado à pecuária. Na Amazônia do Brasil, o maior exportador mundial de carne bovina, 77% das terras desmatadas entre 1985 e 2022 foram convertidas em pastagens, segundo a organização MapBiomas.
Nesse contexto, a União Europeia (UE) alcançou em dezembro um acordo para um tratado de livre comércio - que ainda precisa ser ratificado pelos Estados-membros - com o Mercosul, que tem entre seus membros Brasil, Paraguai e Argentina, permitindo aos países sul-americanos aumentar suas cotas de exportação para a UE, incluindo carne bovina.
No entanto, alguns países do continente europeu, como França e Itália, e seus sindicatos agropecuários denunciam que isso representa concorrência desleal, pois a produção desse alimento no bloco sul-americano não está sujeita aos mesmos requisitos ambientais e sociais, nem às mesmas normas sanitárias, caso haja controles defeituosos.
Além disso, a UE adotou em 2022 uma lei que, a partir de 30 de dezembro de 2025, proibirá a importação de produtos que causem desmatamento ou que venham de terras desmatadas após dezembro de 2020.
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