Declarações acontecem por ocasião do décimo aniversário do anúncio da histórica aproximação entre Washington e HavanaAFP
"Não será Cuba quem vai propor ou tomar a iniciativa para suspender o diálogo existente, para suspender a cooperação existente. Nem sequer os discretos intercâmbios em alguns temas sensíveis", assinalou o vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, Carlos Fernández de Cossío, em entrevista coletiva em Havana.
"Vamos estar atentos à atitude que o novo governo assumir, mas a disposição de Cuba continuará sendo a mesma que tivemos ao longo destes 64 anos. Dispostos a desenvolver com os Estados Unidos uma relação que seja séria, respeitosa entre os dois países e que, obviamente, proteja os interesses soberanos de ambos", acrescentou o vice-ministro.
Suas declarações acontecem por ocasião do décimo aniversário do anúncio da histórica aproximação entre Washington e Havana.
Este processo de descongelamento das relações bilaterais foi interrompido depois pelo magnata Donald Trump, que incrementou duramente as sanções econômicas contra o país de governo comunista. O republicano voltará a comandar a Casa Branca a partir de 20 de janeiro.
Cuba, submetida a um embargo comercial dos Estados Unidos desde 1962, voltou a ser incluída em 2021 na "lista de países que apoiam o terrorismo", o que bloqueia fluxos financeiros e econômicos para a ilha de 10 milhões de habitantes.
Após a gestão Trump, o governo do atual presidente democrata Joe Biden quase não aliviou as sanções econômicas e também manteve Cuba na lista de apoiadores do terrorismo. Contudo, sua administração retomou os contatos bilaterais com Havana sobre temas como migração e luta contra o terrorismo.
"Dentro de quatro anos, o governo Trump terá terminado e a Cuba revolucionária, a Cuba socialista, vai estar aqui", destacou.
Há quatro anos, Cuba atravessa uma profunda crise econômica, a pior desde a queda nos anos 1990 da União Soviética, seu antigo aliado. A ilha sofre com desabastecimentos de todo o tipo, cortes frequentes de energia em todo o território, e uma onda de emigração sem precedentes.
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