Emmanuel Macron, presidente da FrançaSarah Meyssonnier / POOL / AFP

A presidência francesa afirmou nesta sexta-feira (20) que os comentários atribuídos ao presidente Emmanuel Macron em uma série de artigos do jornal Le Monde são falsos, depois que vários parlamentares de esquerda os chamaram de "racistas".
Em uma investigação dedicada ao presidente, da qual duas de suas quatro partes foram publicadas na quinta-feira, Macron teria afirmado ao seu então ministro da Saúde em 2023 que "o problema com as salas de emergência do país é que elas estão cheias de Mamadou", um nome muito comum na África Ocidental.
"O Eliseu nega da maneira veemente estas declarações, que não foram checadas com a presidência antes de serem publicadas", reagiu nesta sexta-feira o gabinete do presidente, cuja popularidade está em uma baixa histórica desde que chegou ao poder em 2017.
Em meio à crise política desencadeada por Macron em junho com a inesperada convocação antecipada das eleições legislativas, previstas apenas para 2027, e que já provocou a queda de seu primeiro-ministro conservador Michel Barnier, as críticas não demoraram a chegar.
"Essas declarações racistas do presidente (...) são um insulto [ao país], uma desgraça absoluta. Não vejo a hora de ele ir embora", escreveu Manuel Bompard, líder do partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), na rede social X.
Mas essas não são as únicas declarações polêmicas atribuídas ao presidente.
De acordo com o jornal, a presidência deu um apelido homofóbico ao gabinete do primeiro-ministro quando Gabriel Attal, um integrante abertamente homossexual de seu próprio partido, estava no cargo.
E em outra passagem, os jornalistas do Le Monde escrevem que o chefe de Estado de centro-direita chamou a líder ambientalista Marine Tondelier e a candidata de esquerda a primeira-ministra Lucie Castets com a palavra sexista "cocotte".
"Vale tudo: racismo, homofobia, sexismo. Tudo trancado em um palácio dourado, longe do olhar dos franceses, a quem ele dá palestras o dia todo", criticou o deputado de esquerda François Ruffin.
Macron também enfrenta controvérsias por um comentário que fez na quinta-feira durante uma visita ao arquipélago francês de Mayotte, no Oceano Índico, que foi devastado pelo ciclone Chido no último fim de semana.
"Vocês deveriam estar felizes por estarem na França, porque se [Mayotte] não fizesse parte da França, vocês estariam 10.000 vezes mais na merda", disse o presidente a uma multidão enfurecida. Seu mandato termina em 2027 e ele não tem direito à reeleição.