Jose Raul Mulino, presidente do Panamá, reagiu às declarações de TrumpAFP

O presidente panamenho, José Raúl Mulino, afirmou, nesta quarta-feira (5), que o mandatário americano, Donald Trump, "mente novamente" sobre o canal do Panamá, pois a via não está "em processo de recuperação" por parte de Washington.
"O presidente Trump mente novamente. O Canal do Panamá não está em processo de recuperação" e esse tema não foi tratado nas conversas bilaterais, indicou Mulino no X.
O mandatário panamenho fez essas declarações no dia seguinte ao chefe da Casa Branca reiterar, em uma mensagem ao Congresso em Washington, que "vai recuperar" essa via marítima inaugurada em 1914 pelos Estados Unidos e entregue ao Panamá no último dia de 1999.
Trump disse que "para melhorar ainda mais nossa segurança nacional, minha administração vai recuperar o canal do Panamá, e já começamos a fazer isso".
Anteriormente, o republicano havia dito que não descarta o uso da força para tomar o controle do canal, que une o oceano Pacífico ao Atlântico
"Rechaço em nome do Panamá e de todos os panamenhos essa nova afronta à verdade e à nossa dignidade como Nação", escreveu Mulino.
"A cooperação entre nossos governos passa por entendimentos claros em torno de temas de interesse mútuo, como se vinha fazendo. Nada tem a ver com a 'recuperação do Canal' nem com manchar nossa soberania nacional", acrescentou.
Trump afirmou que há interferência chinesa no canal, pois os portos nos acessos da via são operados desde 1997 pela empresa Hutchinson de Hong Kong.
Sob uma forte pressão de Trump, a empresa anunciou na terça-feira que concordou em ceder sua participação na operação do Canal do Panamá e em outras instalações portuárias a um consórcio americano.
O governo panamenho disse em um comunicado na terça-feira que a operação "é uma transação global entre empresas privadas, motivada por interesses mútuos", mas uma auditoria da controladoria da subsidiária da Hutchison que opera os portos de Balboa e San Cristóbal continuará.
Alguns analistas disseram que a decisão de Hutchison poderia ser uma "saída" para a disputa entre os Estados Unidos e o Panamá, mas Trump insistiu em seu desejo de restaurar o canal em sua mensagem ao Congresso.
Ao mesmo tempo, a Suprema Corte do Panamá analisa duas ações de nulidade do contrato de concessão à empresa de Hong Kong, assinado em 1997 e prorrogado por 25 anos em 2021.