Manifestantes protestam desde a detenção do prefeito de IstambulAFP

O prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal opositor do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi suspenso do cargo e preso, neste domingo (23), por "corrupção", quatro dias depois de sua detenção desatar os maiores protestos em uma década no país.

Imamoglu, de 53 anos, foi transferido para a prisão de Silivri, a oeste de Istambul, junto com vários coacusados, informaram seu partido e meios de comunicação turcos.

O prefeito, que denunciou desde o início acusações "imorais e sem fundamento" contra ele, também foi suspenso de suas funções neste domingo, anunciaram as autoridades.

"O atual processo judicial (...) é uma execução sem julgamento", afirmou Imamoglu em mensagem difundida por seus advogados, na qual instou o país "a lutar".

Na manhã deste domingo, um juiz ordenou a prisão do prefeito por "corrupção", embora tenha rejeitado uma ordem de prisão por "terrorismo".

O Partido Republicano do Povo (CHP, social-democratas), principal força de oposição, ao qual pertence Imamoglu, qualificou a prisão como um "golpe de Estado político".

Seus advogados anunciaram que vão recorrer da decisão do tribunal.
Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul, foi afastado do cargo - AFP
Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul, foi afastado do cargoAFP


Milhões de pessoas votam nas primárias

"Ekrem Imamoglu está a caminho da prisão, mas também da Presidência", declarou o líder do CHP, Özgur Özel.

Neste domingo, seu partido realizou primárias nas quais estava previsto que o prefeito de Istambul fosse nomeado candidato às eleições presidenciais de 2028.

O CHP chamou todos a participarem, não apenas seus membros. Segundo a Prefeitura de Istambul, 15 milhões de pessoas participaram das primárias e mais de 13 milhões deram seu apoio a Imamoglu.

"Viemos apoiar nosso prefeito. Continuaremos com ele", disse à AFP Kadriye Sevim, uma participante destas primárias, durante as quais viu multidões de eleitores chegarem a algumas seções eleitorais.

Além disso, o CHP voltou a convocar para a noite deste domingo manifestações em Istambul pelo quinto dia consecutivo. Para evitar distúrbios, o governo municipal estendeu a proibição de reuniões até a noite de quarta-feira.

E também anunciou restrições para pessoas que possam participar das manifestações entrarem na cidade, sem informar como implementaria a medida.

Na quarta-feira, a detenção de Imamoglu provocou protestos maciços, que se estenderam a pelo menos 55 das 81 províncias turcas.

A onda de contestação é inédita desde as grandes manifestações, iniciadas no parque Gezi de Istambul, e que sacudiram o país em 2013.