El Turco Julián é o homem que está no canto direito da foto, com terno pretoDaniel Garcia/AFP

Julio héctor Simón, mais conhecido como 'El Turco Julián', torturador da ditadura militar argentina, morreu na prisão aos 84 anos na terça-feira (25). O ex-policial federal se tornou o primeiro torturador condenado por crimes contra a humanidade após a revogação das leis de impunidade no país.

Nascido em Buenos Aires em 12 de agosto de 1940, Simón foi um dos principais torturadores durante a ditadura militar de 1976 até 1983. Ele morreu na morreu na Unidade N° 34 do Serviço Penitenciário Federal, na base do exército Campo de Mayo, enquanto cumpria pena por três condenações por crimes contra a humanidade.

Duas semanas antes de sua morte, seus advogados solicitaram a concessão de prisão domiciliar, mas o pedido foi negado pelo tribunal.

Em 1990, durante uma entrevista televisiva, Simón confessou em detalhes as torturas que praticou, revelando que os sequestrados eram lançados vivos ao mar. Ele chegou a afirmar que o plano era "matar todo mundo".
Sua primeira condenação ocorreu em 2003, após o Congresso argentino anular as leis de anistia "Ponto Final" e "Obediência Privada", que impediam o julgamento de responsáveis por crimes contra a humanidade durante a ditadura. Em 2005, ele foi condenado a cino anos de prisão pela detenção ilegal e tortura de José Poblete e Gertrudis Hlaczik, além do sequestro do bebê de oito meses do casal.

Em 2010, Simón recebeu uma sentença adicional de 23 anos de prisão por seu envolvimento nos "sequestros, torturas e desaparecimento forçado" de 181 pessoas entre 1979 e 1980. Os crimes ocorreram em uma rede de centros clandestinos de detenção conhecidos como "El Atlético, "Banco" e "El Olimpo".

A condenação do argentino se tornou um marco na justiça do país. O chamado "Fallo Simón" (Decisão Simón) abriu caminho para a responsabilização de outros torturadores da ditadura.
Testemunhas relataram que "El Turco Julián" usava suásticas e demonstrava orgulho de seu antissemitismo enquanto torturava vítimas judias.