Frank Tavarez foi criado como freira por 22 anosReprodução / YouTube

O dominicano Frank Tavarez, de 73 anos, afirma ter vivido como freira em um convento por 22 anos. Ele conta que tudo mudou em sua vida quando, com quatro anos de idade, perdeu os pais em um acidente de trânsito. Sem recursos, os avós não puderam ficar responsáveis por ele, que passou a ser cuidado por algumas freiras.
Devido à sua aparência feminina e pênis muito pequeno, as freiras começaram a criar ele como uma menina. Porém, foi aos sete anos que ele percebeu que havia algo de errado e que, na verdade, ele era um menino. Anos mais tarde, já na juventude, Frank, que vivia sob o nome de Maria Margarita, teve a confirmação médica de que não era uma pessoa intersexo, e sim um homem.
"Me tocava e via que não era igual às outras. Eu tinha músculos e força... era mais forte que todas as irmãs", contou Frank, ao canal "SinCorte", em fevereiro, sobre o momento que passou a desconfiar de que não era uma menina e descobriu ser homem
Se identificando com a vida religiosa e temendo ser expulso, a descoberta ficou em segredo. "Nunca tomei banho nem me despi na frente delas. Ia para um banheiro separado, usava calcinhas estilo cueca, fingia ter menstruação, vestia roupas largas”, explicou ele em entrevista ao jornal El País, em 1993.
Conforme foi crescendo, principalmente no período da adolescência, os traços masculinos começaram a ficar mais aparentes. No podcast “Estonoesradio”, em 2022, Frank contou que no colégio as pessoas começaram a apontar as mudanças, mas ele sempre dizia que se tratava apenas de um desequilíbrio hormonal. “Diziam: ‘Você parece um homem com os pelos que crescem no seu rosto’. Então eu explicava: ‘Não, são hormônios masculinos que tenho que aumentam o crescimento dos pelos”, disse.
Na mesma época, no convento, algumas noviças começaram a perceber que Frank na verdade era um homem e descobriram o que ele escondia por baixo do hábito. Foi quando ele mergulhou de cabeça na sexualidade e passou a ter relações com suas colegas.
“Desde os meus 13 anos, eu tive muito sucesso com as mulheres. Elas me procuraram. Eu não sou homossexual. De jeito nenhum. E aquelas que me tentaram tiveram uma boa resposta. Me incomoda quando elas me desrespeitam”, contou Frank, que tem a voz afeminada, ao El País
Após tomarem conhecimento das práticas libidinosas, as freiras aconselharam Frank a procurar um novo convento. Neste segundo local, no entanto, as aventuras sexuais continuaram e foi quando ele conheceu Silvia, a quem ele se refere como o grande amor de sua vida.
“De quem eu mais me apaixonei foi Silvia. Ela me perseguia o tempo todo lá no convento. Respeitávamos aquele lugar, porque sabíamos que era uma casa sagrada de Deus. Tudo aconteceu em uma experiência fora do convento, depois a história se espalhou”, contou.
Em 1979, Frank foi expulso do convento após ter cartas que trocava com Silvia interceptadas e sua identidade revelada por uma ex-mestra. “Eu estava no noviciado, mas me sentia um traidor, enganando aquelas religiosas que foram tão boas comigo. Silvia e eu já estávamos completamente apaixonados e eu também não suportava mais viver essa farsa vestindo um hábito”, desabafou.
Depois de deixar a vida religiosa, Silvia contou que estava grávida de Frank. Porém, eles perderam contato e nunca mais se falaram, fazendo com que ele nunca soubesse o paradeiro de seu filho. Pondo fim ao noviciado, ele começou a trabalhar como costureira. Frank chegou a escrever uma autobiografia, intitulada “A Freira Despida”.
“Este nome é um lembrete do sofrimento pelo qual tive que passar”, afirmou Frank, que conviveu por muitos anos como Maria Margarita em seus documentos oficiais. “Desde que aprendi a escrever, lápis e papel foram minha salvação e o diário, minha válvula de escape. Eu me sentia preso, mesmo estando cercado de amor. Deus sempre me ajudou”, disse.