Dani Davis foi confundida como mulher trans e demitida de WalmartReprodução Facebook / AFP
Mulher cis é confundida como pessoa trans por cliente e demitida do Walmart
Dani Davis conta que homem invadiu banheiro feminino gritando ofensas transfóbicas
Uma funcionária de um Walmart, nos Estados Unidos, relatou ter sofrido momentos de tensão antes de ser demitida. Dani Davis, uma mulher cis - que se identifica com o sexo biológico atribuído no momento do nascimento - estava usando o banheiro quando foi surpreendida com a entrada de um cliente, que gritava a acusando de ser uma pessoa transgênero - que não se identifica com o sexo biológico atribuído no momento do nascimento - e estar usando o toalete feminino.
O caso aconteceu em uma loja localizada em Lake City, na Flórida, no dia 14 de março. Na segunda-feira (24), em seu Facebook, Dani, que trabalhava no mercado há sete anos, detalhou o medo que sentiu quando ouviu o homem gritar dentro do banheiro feminino. Ela, que se descreve como uma mulher alta, com mais de 1,90m, acha que sua altura possa ter sido o motivo da confusão.
"Entrei no banheiro feminino no meu trabalho por volta das 20h. Eu estava sozinha, trancada em uma das divisórias e cuidando da minha vida, quando de repente ouvi a voz de um homem gritando dentro do banheiro. Aquilo me assustou. Parei o que estava fazendo para poder ouvir o que ele estava dizendo. A voz era muito mais alta do que simplesmente alguém gritando da porta. Este homem estava totalmente dentro do banheiro", iniciou seu relato.
Em seguida, Dani contou que o homem, exaltado, gritava falas transfóbicas, usando expressões como "travestis", e como ele ia bater "naquelas b*cetas", tudo como uma forma de "proteger a namorada". De dentro da cabine, ela conseguiu ouvir a mulher tentando acalmar o homem.
"Sinceramente, eu congelei completamente. Não sou de confronto e honestamente... não sabia o quão perigoso ele era. Eu era a única lá dentro, então pareceu bem claro que ele me viu entrar no banheiro e ele assumiu que eu sou trans por causa da minha altura. Foi aterrorizante e eu queria que ninguém tivesse uma experiência como essa", seguiu ela, que contou esperar o homem parar de gritar para sair do banheiro.
"Toda a experiência durou apenas alguns minutos, apesar de parecer uma eternidade. Fiquei extremamente abalada e assustada enquanto esperava, procurando ouvir por ele ou por qualquer pessoa. Eu estava assustada. Lavei rapidamente as mãos e saí do banheiro. Para meu alívio, eles não pareciam estar em nenhum lugar por perto", explicou Dani.
Em seguida, ela disse que voltou para o departamento que trabalhava e contou a situação para o supervisor. Dani, então, se acalmou e retornou ao trabalho, já que não faltava muito para o turno acabar. Menos de uma semana depois, a funcionária foi pega de surpresa ao receber a notícia de que estava demitida.
"A razão que deram para a minha rescisão foi que eu não informei os gerentes de alto escalão do incidente e que não fazer isso representava um risco para a segurança. Informei imediatamente o meu supervisor imediato, mas um líder de equipa não é um membro assalariado da gestão. Me despediram sem me darem nenhuma papelada ou me fazerem assinar nada. Eles não puseram por escrito - pediram meu colete, crachá e telefone de trabalho - e eu saí. Tremendo até ao núcleo", contou ela.
Ela ficou indignada com a justificativa da demissão, já que ela que se sentiu ameaçada. "Eu só... eu não entendo. Fui eu que segui para o banheiro e fui eu que me senti ameaçada e insegura... então eu sou despedida por isso? Isto faz sentido para alguém? Para mim, parece que eles pensaram que eu era o risco de segurança. Por causa da minha altura e da ignorância de alguém me confundir com algo que não sou, eu agora era um risco de segurança e me despediram por isso", desabafou.
À imprensa americana, o Walmart disse que analisou o incidente e convidou Dani a retornar ao trabalho com salários atrasados. "Queremos que nossos associados se sintam seguros e apoiados em seus locais de trabalho e não toleraremos intimidação ou ameaças de violência contra nossos associados ou clientes", afirmou Joe Pennington, porta-voz da rede de supermercados.
Ao "The Washington Post", Dani contou que recebeu a proposta, mas que agora se sente insegura de voltar ao Walmart. "Acho que seria um ambiente hostil para retornar", disse.
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