Francisco morreu aos 88 anos, vítima de AVC e insuficiência cardíacaAFP
Após sua eleição em 2013, o pontífice que veio "do fim do mundo" escolheu viver nesta austera residência eclesiástica, em vez de se isolar no solene Palácio Apostólico, até sua morte na segunda-feira, aos 88 anos.
Dignitários e funcionários da Cidade do Vaticano são agora os primeiros a se despedir nesta terça-feira (22) de seu chefe de Estado por 12 anos, vestido com uma casula vermelha e mitra branca.
Mas antes de entrar na capela sóbria que abriga o caixão, escoltados por dois guardas suíços, eles devem aguardar em um saguão com portas de madeira e piso de mármore. O silêncio reina, quebrado por baixos sussurros.
Freiras, leigos, bispos, altos funcionários da cúria - o governo do Vaticano - e outros funcionários, de jardineiros a bombeiros e equipe médica, honram o "Santo Padre" de 1,4 bilhão de católicos.
O acesso, inicialmente fechado para a imprensa e o público, é feito em pequenos grupos. Alguns rezam em silêncio, outros choram, mas cada um faz o sinal da cruz com a cabeça baixa, seja em pé, de joelhos ou sentados em um banco.
"Vivi sua eleição, acompanhei todo o seu pontificado, então não poderia deixar de estar aqui hoje, em Santa Marta, que é sua casa e também um pouco nossa", acrescenta a mulher, que diz viver este momento "com muita gratidão".
Com seu estilo humilde, Jorge Mario Bergoglio almoçava diariamente em um refeitório da residência com os funcionários e visitantes, que sempre cumprimentava.
"Sinto que é a família do papa, estas pessoas de Santa Marta e do Vaticano, que vieram homenageá-lo com muita gentileza", resume um membro de um dicastério, que foi à capela pela manhã.
O homem se lembra de uma missa que o papa celebrou com funcionários do Vaticano: "O que me impressionou foi que o papa se sentou em um dos bancos entre os fiéis. Encontrei esta proximidade do papa com seus primeiros colaboradores".
Em 2020, em meio à pandemia de covid-19, a transmissão da missa celebrada pelo jesuíta argentino nessa mesma capela serviu de ponte para os fiéis confinados em todo o planeta.
Na manhã de segunda-feira, o 266º papa e o primeiro pontífice latino-americano deu o seu último suspiro em sua residência de 70 metros quadrados localizada no segundo andar do edifício, após um AVC.
Todos os fiéis poderão dar seu último adeus a partir de quarta-feira, durante três dias, em um ambiente mais solene: a basílica de São Pedro. O funeral será realizado no sábado, com a presença de chefes de Estado e monarcas.
Uma freira polonesa, que trabalha no hospital Umberto I, em Roma, confessa que esta pequena homenagem lhe trouxe "muita paz".
"Eu queria vir aqui sobretudo para agradecê-lo por tudo o que ele fez pela Igreja", acrescentou, em lágrimas.
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