O papa Francisco foi enterrado neste sábado, 26, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, anunciou a Santa Sé. Este é o primeiro sepultamento de um pontífice fora do Vaticano desde Leão XIII em 1903. O enterro ocorreu às 13h30 locais (8h30 no horário de Brasília) durante uma cerimônia íntima presidida pelo cardeal camerlengo Kevin Farrell, na presença de familiares do jesuíta argentino, informou o Vaticano.
O corpo do pontífice foi levado em cortejo pelas ruas de Roma após a Missa das Exéquias, comandada pelo cardeal decano Giovanni Battista Re na Praça de São Pedro. No "papamóvel", o simples caixão seguiu em direção à Basílica de Santa Maria Maior, passando por pontos simbólicos de Roma, como o Coliseu, o Fórum romano e a Igreja Il Gesù, sede da ordem dos jesuítas, da qual Francisco fazia parte.
O sepultamento encerrou o pontificado de 12 anos do primeiro papa latino-americano, que defendeu os migrantes, o meio ambiente e a justiça social. "Ele não foi apenas o papa, foi a definição do que é ser humano", afirmou Andrea Ugalde, de 39 anos, vinda de Los Angeles. "Mudou a Igreja, defendeu os doentes, os sem-teto, os pobres e até os animais", acrescentou.
O público presente na missa de funeral aplaudiu e entoou cânticos ao ver o caixão deixar a Basílica de São Pedro. Além da comoção popular, a cerimônia contou com a presença de dezenas de chefes de Estado e de governo, entre eles o presidente Lula. O chefe de Estado americano, Donald Trump, também compareceu com a esposa Melania e permaneceu em oração diante do caixão, assim que chegou ao funeral.
'Papa dos marginalizados'
Eleito em 13 de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro pontífice a adotar o nome Francisco, em homenagem ao santo dos pobres. Conhecido pelo estilo austero e próximo do povo, preferiu viver em um apartamento simples em vez do Palácio Apostólico e costumava convidar moradores de rua e presos para refeições.
Como símbolo de seu legado, grupos de pessoas pobres, presos, migrantes e pessoas trans receberão seu caixão com uma rosa branca na chegada à Basílica de Santa Maria Maior. "Era um pastor simples, muito querido em sua arquidiocese, que viajava até de metrô ou ônibus para estar entre o povo", registra no obituário oficial.
"O papa Francisco constantemente levantava a voz, implorando pela paz e pedindo bom senso e negociação honesta para encontrar soluções possíveis" para as guerras, enfatizou o cardeal Giovanni Battista Re, sob aplausos do público na Basílica. "Foi um papa do povo, de coração aberto a todos" e dedicou "atenção especial" aos "últimos da terra, os marginalizados", enfatizou durante a homilia.
Francisco morreu na segunda-feira, 21, aos 88 anos, devido a um acidente vascular cerebral (AVC) e de um quadro de insuficiência cardíaca. Com a morte do pontífice, a Igreja se prepara agora para escolher seu sucessor. O conclave deve ser convocado entre 15 e 20 dias após sua morte, embora possa ocorrer antes, em data ainda indefinida.
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