De acordo com a visão de São Malaquias, um bispo irlandês que viveu no século XII, a Igreja Católica chegaria ao fim com a escolha de um 'Pedro Romano'Reprodução

No coração do Vaticano, o mundo católico observa com atenção mais um conclave, o ritual secular que elegerá o novo papa. Entre os cardeais reunidos sob os afrescos da Capela Sistina, um nome ressoa com força: Pietro Parolin, cardeal italiano e atual Secretário de Estado do Vaticano. Mas seu favoritismo vai além das fronteiras da política e da religião. Ele toca o imaginário apocalíptico de uma antiga e controversa profecia atribuída a São Malaquias.
Segundo a tradição, Malaquias de Armagh, um arcebispo irlandês do século XII, teria tido uma visão mística durante uma visita a Roma. Nela, teria visto a sucessão dos papas até o fim dos tempos, registrando 112 lemas latinos que corresponderiam a cada pontífice futuro. A lista termina com um misterioso "Pedro Romano", descrito como o papa que “apascentará suas ovelhas em muitas tribulações” e sob cujo pontificado “a cidade das sete colinas será destruída e o temível Juiz julgará seu povo”. A Igreja, segundo essa leitura, chegaria ao fim.
O papa Francisco, eleito em 2013, corresponderia ao penúltimo lema: "Petrus Romanus" não o nomeia diretamente, mas muitos acreditam que seu pontificado cumpre o perfil de transição antes do fim. Agora, com a possível eleição de um "Pietro", cuja origem é italiana — ou seja, romano no sentido mais amplo —, a profecia parece, para alguns, estar se cumprindo ao pé da letra.
Pietro Parolin, de 70 anos, tem uma longa trajetória diplomática no Vaticano e é considerado um nome de consenso entre os cardeais. Comandou negociações delicadas com China, Cuba e Venezuela, e é visto como um homem de diálogo e equilíbrio. Mas para os estudiosos de profecias, seu nome — Pietro — carrega um simbolismo inevitável.
A lista de São Malaquias foi publicada pela primeira vez em 1595, séculos após sua suposta redação. Muitos estudiosos afirmam que as correspondências mais precisas entre os lemas e os papas ocorrem justamente antes dessa data — o que sugere uma possível falsificação com fins políticos na época. Ainda assim, a profecia continua a fascinar.
Enquanto o conclave se aproxima de sua decisão final, o mundo observa não apenas com olhos terrenos, mas também com os de uma antiga premonição. Caso Pietro Parolin seja eleito, para alguns não será apenas o início de um novo pontificado — será o começo do fim.