Em 26 de agosto, Trump atacou energicamente países ou organizações que regulam setor tecnológicoAFP
EUA envia caças a Porto Rico após denunciar que Venezuela sobrevoou um de seus navios
Washington acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar uma rede de narcotráfico e recentemente elevou a recompensa por sua captura para 50 milhões de dólares (272 milhões de reais)
Os Estados Unidos decidiram enviar dez caças F-35 a Porto Rico como parte de sua ofensiva antidrogas no Caribe, em um contexto de tensão com a Venezuela, que mandou sobrevoar um dos navios militares americanos na região, segundo o Pentágono.
O envio dos caças, informado nesta sexta-feira (5) à AFP por fontes próximas ao assunto, ocorreu apenas algumas horas após esse sobrevoo, um "movimento altamente provocador", segundo o Pentágono.
Washington acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar uma rede de narcotráfico e recentemente elevou a recompensa por sua captura para 50 milhões de dólares (272 milhões de reais).
As forças americanas posicionadas diante da costa venezuelana lançaram um míssil na terça-feira contra uma embarcação que supostamente transportava drogas.
No ataque, sem precedentes na região, morreram 11 "narcoterroristas", nas palavras do presidente americano, Donald Trump.
Esse ataque foi uma execução "sem fórmula de julgamento", criticou o ministro do Interior venezuelano, Diosdado Cabello. Antes disso, o ministro da Comunicação, Freddy Ñáñez, insinuou no Telegram que as imagens do ataque eram "um vídeo [realizado] com inteligência artificial".
"É um assassinato em qualquer parte do mundo. A colaboração do governo colombiano na luta antinarcotraficante é profunda (...), mas se subordina ao direito internacional", declarou no X o presidente colombiano, Gustavo Petro.
O Pentágono alertou Caracas após o sobrevoo de seu navio "que não continue com quaisquer esforços adicionais para obstruir, dissuadir ou interferir nas operações contra o narcotráfico e contra o terrorismo".
Visita do chefe do Departamento de Estado
Durante décadas, os Estados Unidos recorreram a operações policiais de rotina em vez de usar força letal para apreender drogas no Caribe.
O aumento da tensão coincidiu com uma viagem do secretário de Estado americano, Marco Rubio, ao México e ao Equador, onde firmou novas alianças para fortalecer a luta contra o crime organizado e a migração ilegal e alertou que seu governo não dará um passo atrás.
Os governos aliados de Washington na região "nos ajudarão a encontrar essas pessoas e a fazê-las explodir, se necessário", disse Rubio em uma coletiva de imprensa conjunta com a chanceler equatoriana, Gabriela Sommerfeld, na quinta-feira em Quito.
No México, Rubio havia afirmado que a única coisa que vai deter os cartéis do narcotráfico é a eliminação física, porque eles já assumiram que perder mercadoria faz parte do negócio e isso não impede que continuem traficando.
Rubio enfatizou que o presidente americano designou como "narcoterrorista" a quadrilha venezuelana Tren de Aragua, assim como o Cartel de los Soles, que os EUA vinculam a Maduro.
"Se você está em um barco cheio de cocaína ou fentanil dirigido aos Estados Unidos, você é uma ameaça imediata para os Estados Unidos", afirmou Rubio.
Maduro, por sua vez, mobilizou o exército, que conta com cerca de 340 mil efetivos, além de reservistas, que ele diz superarem os oito milhões, denunciando o que chama de "a maior ameaça que nosso continente viu nos últimos 100 anos".
Ao qualificar as quadrilhas do narcotráfico como ameaças terroristas, os Estados Unidos recorrem a todo o seu arsenal legislativo, aprovado após os ataques de 11 de setembro de 2001, que ampliou enormemente sua capacidade de vigiar possíveis alvos e lançar ataques letais em todo o mundo.
"Durante anos usamos nossas forças armadas para empreender ações contra terroristas no Oriente Médio e na África, enquanto deixávamos incólumes os terroristas em nosso próprio hemisfério, que são responsáveis por muitas mais mortes de americanos", disse à imprensa Stephen Miller, alto conselheiro de Trump.
Embora os relatórios anuais da ONU não qualifiquem a Venezuela como um país produtor, sua condição de plataforma de distribuição do narcotráfico é ressaltada por especialistas.
Venezuela e Estados Unidos mantêm uma rivalidade que remonta à chegada de Hugo Chávez à Presidência venezuelana, em 1999. Foi o presidente esquerdista quem expulsou a agência antidrogas do país, em 2005.
Seu sucessor, Maduro, rompeu relações em 2019 depois que Washington não reconheceu sua reeleição no ano anterior. Os Estados Unidos tampouco consideraram válidas as últimas presidenciais que o reelegeram em 2024, nas quais a oposição denunciou fraude.
Os Estados Unidos acusaram formalmente Maduro de "narcoterrorismo" em 2020 e, este ano o acusaram de liderar o Cartel de los Soles, que afirmam manter relações com o cartel de Sinaloa, um dos mais poderosos do México.

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