Camiseta de Betty Lachgar tinha a frase 'Alá é lésbica' estampada Reprodução / Redes Sociais

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Uma ativista foi condenada dois anos e meio de prisão no Marrocos por usar uma camiseta com a frase "Alá é lésbica" estampada. Ibtissam Lachgar, conhecida como Betty Lachgar, de 50 anos, ainda terá que pagar uma multa de US$ 5.000, cerca de R$ 27 mil.
Para as autoridades marroquinas, a publicação e imagem de Lachgar é considerada uma blasfêmia. A sentença foi decidida pelo Tribunal Primário de Rabat, na última quarta-feira (3). A ativista está presa em regime de isolamento desde 10 de agosto. 
A camiseta que custou sua liberdade, com "Alá" escrito em árabe e "é lésbica" em inglês, é usada pela ativista há pelo menos três anos, mas uma publicação recente viralizou e chegou às autoridades conservadoras.
Segundo a imprensa marroquina, a defesa de Lachgar descreveu a decisão como "dura" e "catastrófica". Os advogados fizeram vários pedidos de liberdade temporária, todos negados, citando o estado de saúde da ativista, que luta contra um câncer. "Ela pode morrer a qualquer momento na prisão. Explicamos isso ao tribunal, e a própria Lachgar explicou sua condição ao tribunal", afirma.
Pela lei marroquina, as penas de blasfêmia variam entre seis meses a dois anos de prisão, mas podem chegar a cinco se o delito ocorrer pública ou eletronicamente, além de multa de até US$ 20 mil (R$ 108 mil) por “ofender o islamismo”. A defesa de Lachgar ainda pode recorrer.
A condenação reacendeu debates jurídicos e de direitos humanos sobre a liberdade de expressão e seus limites no Marrocos. Lachgar tem sido uma figura controvérsia no ativismo marroquino. Ela já coordenou atos polêmicos, como um beijo coletivo em frente ao Parlamento e a distribuição de pílulas abortivas.