Dick Cheney foi o 46º vice-presidente norte-americanoAFP

O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney morreu aos 84 anos, informou a imprensa norte-americana nesta terça-feira (4), citando um comunicado de sua família.
O falecimento foi provocado por complicações relacionadas a uma pneumonia, além de doenças cardíacas e vasculares

Número dois do presidente republicano George W. Bush durante dois mandatos (2001-2009), Cheney foi conhecido por sua grande influência nos bastidores e é considerado um dos vice-presidentes mais poderosos da história dos Estados Unidos.
Cheney foi o 46º vice-presidente do país. Ele surpreendeu os norte-americanos durante as eleições de 2024 ao anunciar que votaria na candidata democrata, Kamala Harris, por considerar que Donald Trump não estava apto para ocupar a Casa Branca.

“Temos o dever de colocar o país acima de nossas divisões para defender a Constituição”, declarou ao apoiar Kamala.

Cheney foi companheiro de chapa de George W. Bush em duas campanhas presidenciais bem-sucedidas e seu conselheiro mais influente na Casa Branca durante um período marcado pelo terrorismo, a guerra e as mudanças econômicas.

Vítima de problemas coronários durante quase toda sua vida adulta, Cheney sofreu cinco ataques cardíacos entre 1978 e 2010 e usou um marca-passo desde 2001.
Considerado o principal arquiteto da "guerra ao terror", teve papel central nas decisões que levaram à invasão do Iraque em 2003, baseada em alegações de armas de destruição em massa que depois se provaram falsas.
Discreto e enérgico, Cheney serviu a presidentes pai e filho, liderando as Forças Armadas como chefe da Defesa durante a Guerra do Golfo Pérsico sob o governo do presidente George H.W. Bush, antes de retornar à vida pública como vice-presidente.

Cheney era, na prática, o diretor de operações da presidência de Bush filho. Ele teve participação, muitas vezes decisiva, na implementação de decisões importantíssimas para o presidente e algumas de interesse pessoal - tudo isso enquanto convivia com décadas de problemas cardíacos e, após o término do governo, passou por um transplante de coração.

O político defendeu consistentemente as extraordinárias ferramentas de vigilância, detenção e inquisição empregadas em resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Nascido em Lincoln, Nebraska, em 30 de janeiro de 1941, Cheney cresceu no estado pouco populoso do Wyoming, na região oeste do país.

Ele estudou na Universidade de Yale, mas abandonou a prestigiosa faculdade da costa leste e acabou obtendo um diploma em Ciências Políticas em casa, na Universidade do Wyoming.

Republicano convicto, Cheney dedicou-se à política e, em 1978, conquistou uma cadeira por Wyoming na Câmara de Representantes, posição que manteve durante a década seguinte.

Nomeado secretário de Defesa pelo presidente George H. W. Bush em 1989, Cheney comandou o Pentágono durante a Guerra do Golfo de 1990-91, na qual uma coalizão liderada pelos Estados Unidos expulsou as tropas iraquianas do Kuwait.

Poder do Executivo 

Como vice-presidente, Cheney levou sua ideologia neoconservadora à Casa Branca e desempenhou um papel mais importante na tomada de decisões do que a maioria de seus antecessores no cargo.

Ele ajudou a introduzir uma noção agressiva do Poder Executivo, segundo a qual o presidente deveria operar quase sem restrições por parte dos congressistas ou dos tribunais, especialmente durante períodos de guerra.

A abordagem levou George W. Bush a envolver o país em atoleiros militares no Afeganistão e no Iraque e provocou grande polêmica sobre seu impacto nas liberdades civis.

Cheney foi apontado como um dos principais responsáveis pela decisão de invadir o Iraque após os ataques de 11 de setembro de 2001, executados pela Al-Qaeda.

Suas alegações imprecisas de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa alimentaram o clamor pela guerra antes da invasão americana de 2003.
*Com informações da AFP e Estadão Conteúdo