Depois da pré-estréia na Sala Nelson Pereira dos Santos, em São Domingos, na Zona Sul de Niterói, o documentário “Patrícia Acioli: a Juíza do Povo” foi exibido desta vez no Cineclube de abril do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam). A magistrada foi morta com 21 tiros quando chegava em sua casa, em Piratininga, após sair do Fórum de São Gonçalo, onde trabalhava.
Contemplado pelo segundo edital do audiovisual de Niterói, o filme detalha o crime que chocou o país, afrontou a democracia e a independência do Poder Judiciário e colocou na prisão 11 policiais militares, inclusive o comandante do Batalhão de São Gonçalo.
Após a exibição do filme, que narra o crime que chocou o país, houve um bate-papo com o diretor e roteirista Humberto Nascimento, primo da magistrada. Ele falou sobre detalhes da vida pessoal, familiar e profissional da juíza, além de mostrar os bastidores da investigação que condenou 11 PMs do 7º BPM.
Embora seja um documentário, o filme também irá trazer encenações. A juíza é interpretada pela atriz Maíra Porto, enquanto o papel dos assassinos ficou com atores Lucas Toledo e Pablo Marcell. O projeto do longa-metragem foi um dos vencedores do 2º Edital de Fomento ao Audiovisual da Prefeitura de Niterói de 2019. Por conta da pandemia, as gravações só foram iniciadas no final de 2021.
O documentário resgata personagens e memórias, além de trazer imagens e histórias inéditas sobre a juíza Patrícia Acioli, assassinada em 2011. No dia de sua morte ela havia assinado os pedidos de prisão de dois policiais militares, que a seguiram e a mataram na mesma noite. Eles integravam uma milícia que atuava no 7º Batalhão e estava sendo investigada pela juíza. Patrícia analisou mais de 100 autos de resistência na região e encontrou dezenas de relatórios forjados para encobrir execuções.
O documentário “Patrícia Acioli: a Juíza do Povo” levanta a reflexão: o que mudou na política de segurança pública após o crime? Após a exibição, haverá bate-papo com o diretor, Humberto Nascimento.
O Cine Ceam é uma iniciativa da Codim, Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres, em parceria com o Núcleo de Cinema e Educação /Núcleo de Cineclubes de Niterói (NuCiNi), a Coordenação de Educação e Cultura (Cecult), a Subsecretaria de Políticas Educacionais e Transversais (SSPET) e a Secretaria Municipal de Educação (SME).
Punição para os autores do crime
Patrícia Acioli foi executada com 21 tiros em uma emboscada. Os dois calibres das armas usadas no crime (ponto 40 e ponto 45) eram de uso restrito da polícia.
Patrícia tinha 47 anos e atuava na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Ela era considerada "linha dura" e foi responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a grupos de milícia e de extermínio. A juíza estava jurada de morte, recebia ameaças regulares e chegou a ter proteção policial de 2002 a 2007, no entanto, a mesma foi reduzida aos poucos, sob alegação de não haver risco iminente.
Ao todo, 11 policiais militares do Batalhão de São Gonçalo foram denunciados pelo crime. O tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira e o tenente Daniel Santos Benitez Lopez tiveram as penas mais altas. Cada um foi condenado a 36 anos de prisão.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.