Ações tecnológicas: entre os planos de tornar a cidade mais resiliente e envolver cada vez mais os moradores Divulgação/Ascom

Niterói -- A Secretaria de Defesa Civil e Geotecnia de Niterói está implementando um pacote de ações que aliam a experiência e técnica dos seus agentes com a captação de imagens de drones e satélites, mapas georreferenciados, sensores e robôs. As ações tecnológicas estão dentre os planos de tornar a cidade mais resiliente e envolver cada vez mais os moradores para minimizar os impactos das mudanças climáticas, como incêndios em vegetação e tempestades severas. O órgão está utilizando a inteligência de dados com a participação popular através de moradores e voluntários do Núcleo de Defesa Civil – Nudec Queimadas.

O uso da tecnologia cada vez mais aprimorado vem permitindo que o trabalho da Defesa Civil de Niterói foque na prevenção através da identificação de possíveis ameaças e focos de incêndios, por meio das rondas preventivas e vistorias técnicas para identificação de riscos de deslizamentos. Um diagnóstico realizado pelo município e finalizado este ano mostra que, desde 2017, o monitoramento das áreas e consequente intervenções (obras e demais medidas preventivas), resultaram em uma redução de mais de 75% de ocorrências, em função das ameaças previamente detectadas. De 11.765 registros de atendimento pela defesa civil, menos de 3 mil viraram ocorrências no município. Em 2022, esse percentual foi ainda maior, quando em um montante de 1.775 atendimentos, somente 392 configuraram ocorrências, reduzindo mais de 77% dos possíveis incidentes na cidade.

Quase 600 imóveis foram visitados com abordagens e orientações da Defesa Civil. O Sistema de Detecção de Novas Construções em Áreas de Risco e Proteção Ambiental (Detec) gerou 35 produtos desde 2021 relacionados a riscos iminentes. São quatro estágios (níveis de risco) para acompanhamento de queimadas: Risco Baixo, Médio, Alto e Muito Alto.

“Com bases nas técnicas de geoprocessamento, sensoriamento remoto e gestão integrada, o Projeto Detec foi desenvolvido com o objetivo de identificar alterações de superfície nos limites do município, principalmente àquelas relacionadas ao avanço de edificações em áreas de risco a movimentos gravitacionais de massa e de proteção ambiental”, disse o secretário de Defesa Civil e Geotecnia de Niterói, Walace Medeiros.

De acordo com o secretário, o sistema mapeia e processa quatro classes de superfícies: áreas urbanas, corpos d'água, floresta e gramíneas. Ele explica que o monitoramento contínuo da superfície do município é uma prática de extrema importância para tomada de decisão nas ações de fiscalização e que torna o direcionamento de equipes muito mais assertivo.

A Defesa Civil de Niterói atua com foco no planejamento e resiliência, onde o município se organiza para dar respostas rápidas e eficientes em situações de emergência e tem sido referência para outras cidades e estados do Brasil. Além disso, nos últimos anos, o município vem investindo em equipamentos de alta tecnologia que permite antecipar as estratégias frente aos eventos climáticos.

“O monitoramento possibilita a previsão – saber se vai chover ou não. A falta de chuva implica em risco de incêndio e com o monitoramento eu antecipo as rondas preventivas. Esse dado do sensor é jogado no sistema que trabalha com projeção de cenário, que me possibilita fazer uma ação preventiva para os incêndios. Durante as rondas, os moradores já ficam cientes do risco de incêndio próximo a sua residência e dos perigos como o de queimar lixo”, ressalta Walace Medeiros.

O secretário ainda destaca que, com as ações feitas durante a própria ronda e através do mapeamento já feito com as principais áreas com risco de incêndio, é possível identificar se há um risco médio ou alto de queimada em um determinado local. A partir daí, determina-se o momento de enviar as equipes de porta em porta para conversar sobre o risco de incêndio. Esses dados são lançados no Mapa de Georreferenciamentos do Sigeo que armazena todos os dados do cidadão e a hora que foi visitado. Quando o risco aumenta, é feita uma lista de chamada que envia mensagens ou faz ligações para os moradores que já foram abordados e, de antemão, sabem o que devem fazer.
“Esse sistema de inteligência é de fundamental importância. Nós fazemos a avaliação das áreas que queimaram, vamos até o local, fotografamos com drone e fazemos uma análise e um estudo para entendermos porque em uma determinada área o fogo está recorrente. Estamos fazendo também um trabalho de perícia com o Corpo de Bombeiros para saber quais as circunstâncias que cercam uma determinada área. Além da parceria com o Corpo de Bombeiros, utilizamos a tecnologia do sobrevoo do drone que gera um mapa de diagnóstico para análise dos técnicos”, explica o secretário de Defesa Civil e Geotecnia.

“Regiões da cidade ficaram a semana inteira em estágio de atenção e risco alto de fogo. Fizemos o mapeamento das imagens com drone que identificaram as regiões que tinham ou não mais risco. A partir daí, entraram em operação as dinâmicas operacionais em frentes diversas. Por um lado, agentes e voluntários do Nudec Queimadas bateram nas portas para comunicar ao morador que ali havia mais chance de fogo e os locais mais vulneráveis. A outra frente mais uma vez utilizou a inteligência de dados meteorológicos combinados com os dados de georreferenciamento do Sigeo, e, a partir daí, iniciamos, através dos canais de comunicação com os voluntários, a lista de acionamento para integrar as equipes de ronda preventiva”, detalhou.

RONDAS PREVENTIVAS

A ronda preventiva é uma iniciativa da Defesa Civil que constitui um plano de contingência para queimadas do Município e prevê ações coordenadas entre as secretarias e órgãos externos. A iniciativa visa percorrer as regiões limítrofes entre comunidades e vegetação, para conscientizar a população sobre os malefícios da queima de lixo doméstico, do uso do fogo para limpar encostas, dentre outras práticas danosas à vegetação e ao meio ambiente. As rondas são feitas pela Defesa Civil, fiscais da secretaria de Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros, guardas ambientais e voluntários do Nudec Queimadas.

Niterói já tem 550 voluntários capacitados para auxiliar na prevenção e no monitoramento de incêndios em vegetação no município. A formação conta com aulas teóricas e práticas com aulas de Noções de Defesa Civil, Ações Preventivas e Política do Voluntariado, Meio Ambiente, Geografia de Niterói, Aspectos Nocivos das Queimadas, Atuação do Corpo de Bombeiros nas Queimadas, Meteorologia e Queimadas e aula prática de reconhecimento de trilhas no Município de Niterói. No módulo prático, os voluntários recebem aulas de Combate a Incêndio Florestal, Atuação do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Rio de Janeiro na prevenção de queimadas, Primeiros Socorros (ABC da vida, Reanimação Cardiopulmonar, Queimaduras, Insolação, Hipotermia, etc), Transporte de Feridos e Orientação Cartográfica. Dentre os profissionais que já passaram pelo curso estão escoteiros, engenheiros ambientais, alpinistas, voluntários ligados ao resgate, das mais diversas classes sociais e profissionais.

Já o Nudec é uma das estratégias da política de prevenção da Secretaria Municipal de Defesa Civil e Geotecnia de Niterói. Atualmente são mais de 2600 voluntários de 146 núcleos. Durante todo o ano é promovida uma política preventiva para minimizar os impactos das chuvas na cidade e os núcleos têm importante papel neste trabalho. Existem NUDEC nas comunidades, nos condomínios de casas e edifícios e o de multiplicadores de informações, contra queimadas e grupos de idosos. Cada grupo é formado, em média, por cerca de 20 pessoas. As equipes multiplicam os conceitos de prevenção nos locais onde residem, além de apoiarem as ações emergenciais da Defesa Civil em caso de chuvas intensas. A atuação dos voluntários é planejada para que seja na região onde vivem, porém, caso ocorra a necessidade de atuação em outra área, existe uma logística para que possam atuar também

O aplicativo Alerta DCNIT é outro grande aliado para a população niteroiense, com alertas sobre previsão de chuvas fortes, ressaca, ventos e condições do tempo para risco de incêndio em vegetação. O sistema também conta com botão que direciona o aparelho automaticamente para uma ligação com a Defesa Civil, gratuitamente através do 199. Desta forma, a Defesa Civil se aproxima cada vez mais do cidadão, possibilitando o aumento de uma cultura preventiva e o consequente aumento do poder de resiliência municipal.

A Defesa Civil avança bastante neste ano a partir da instalação de um novo radar meteorológico de alta tecnologia que permite uma maior previsibilidade e acompanhamento das tempestades, além de possibilitar estudos de mitigação de riscos e demais projetos voltados ao aumento da proteção do cidadão e da capacidade de resiliência do município.