Luiz Antônio Mello: sempre quis ser lembrado por adorar frequentar a Praia de ItaipuReprodução

Niterói - O jornalismo brasileiro perdeu um de seus ícones mais irreverentes e apaixonados pelo rock: Luiz Antônio Mello, conhecido como LAM, faleceu aos 70 anos em Niterói, no dia 30 de abril deste ano, vítima de uma parada cardíaca enquanto realizava um exame de ressonância magnética. Ele estava internado no Hospital Icaraí, tratando uma pancreatite.

LAM foi o criador e diretor da lendária Fluminense FM, apelidada de “Maldita” nos anos 1980, por sua programação ousada e inovadora. Sob sua liderança, a rádio se tornou um santuário do rock nacional e internacional, revelando nomes como Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana e Barão Vermelho. A Fluminense FM não apenas tocava música — ela moldava uma geração.

Além de sua atuação no rádio, Luiz Antônio Mello foi um jornalista combativo e criativo. Desde 2021, atuava como editor no jornal A Tribuna, mantendo sua veia crítica e seu olhar atento sobre os rumos da cultura e da política. Seu estilo direto e sua paixão pelo jornalismo o tornaram uma referência para colegas e leitores.

A cidade de Niterói, onde LAM nasceu e viveu grande parte de sua vida, decretou luto oficial de três dias em homenagem ao comunicador. A homenagem é um reflexo do impacto que ele teve não apenas na mídia, mas na identidade cultural da região – deixando um legado de coragem editorial, amor pela música e compromisso com a verdade. Sua trajetória é lembrada como um exemplo de como o jornalismo pode ser transformador — e como o rock pode ser mais que som: pode ser atitude.

LIVRO E FILME COM A HISTÓRIA DA RÁDIO

O livro que relata a história da icônica radio é "A Onda Maldita: Como nasceu a Fluminense FM", escrito pelo próprio Luiz Antônio Mello. Recentemente, foi lançada uma versão atualizada da obra, intitulada "A Nova Onda Maldita + Aumenta que é Rock n Roll", que também inclui o roteiro do filme inspirado no livro.

Já o filme "Aumenta que é Rock'n'Roll" foi lançado em 2024. Narra a história real de Luiz Antônio – apesar de deixar de fora uma série de detalhes importantes. No roteiro, em 1982, o jornalista Luiz Antônio (interpretado por Johnny Massaro) assume uma estação de rádio falida, mas transforma a situação com sua paixão pelo rock and roll.
Ao lado de uma equipe dedicada, ele transforma a Rádio Fluminense FM na primeira emissora brasileira dedicada exclusivamente ao rock, só com locutoras mulheres – Selma Boiron, Monica Venerabile, Mylena Ciribelli, Selma Vieira e outras. O filme, que é uma cinebiografia musical e romântica, também aborda o relacionamento de Luiz Antonio com sua amada, Alice (Marina Provenzzano). A narrativa inclui os bastidores do primeiro Rock in Rio, em 1985, destacando a importância da rádio para a consolidação de bandas como Barão Vermelho, Legião Urbana, Titãs e Paralamas do Sucesso. A produção é dirigida por Tomas Portella.

CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO PÚBLICA

Luiz Antônio Mello foi presidente da Fundação Niteroiense de Arte (Funiarte), que mais tarde se tornou a atual Fundação de Arte de Niterói (FAN), na década de 1990. Ele assumiu a presidência da Funiarte em 1989, impulsionou a Niterói Discos, motivando novos talentos musicais da cidade e criou a Niterói Livros. Em sua gestão realizava projetos como “Praia do Delírio”, em Piratininga, para os novos artistas da cidade.