Niterói: golpes de falsos advogados invadem os canais de whatsapp de clientes do municípioReprodução

Niterói - Clientes de advogados que trabalham na cidade de Niterói estão em alerta. O golpe do falso advogado tem levado muitas pessoas a confundir seus verdadeiros advogados com estelionatários de quadrilhas especializadas espalhadas pelo Brasil.

Os falsários usam dados de processos reais e entram em contato com as partes envolvidas. Se apresentam como advogados legítimos, utilizando nomes, fotos e até registros da OAB para ganhar credibilidade. Informam às vítimas que há uma causa ganha ou indenização a ser liberada, mas exigem pagamento antecipado ou coleta de dados sensíveis para “destravar” o valor. Geralmente solicitam transferências via PIX, explorando a urgência e a praticidade do método.

Em nível nacional, o prejuízo acumulado nos últimos três anos já chega a R$ 2,8 bilhões. Quadrilhas usam logotipos de tribunais, petições reais e até inteligência artificial para simular vozes. Para uma vítima do golpe, moradora do Vital Brazil e que não quis se identificar, o perigo é que eles são muito persuasivos. "É uma tática mesmo, com tecnicas. Se eu não estivesse orientada e informada, fatalmente cairia no golpe. Mas eu conferi o numero de telefone, não era o mesmo, e a maneira do meu advogado escrever e entrar em contato não é pelo whatsapp. Então desconfiei, denunciei e bloqueei", explicou aposentada de Niterói.
“O golpe do falso advogado representa uma grave ameaça à segurança jurídica e à confiança da população nas instituições e nos verdadeiros advogados. Ao se passar por profissional da advocacia, o estelionatário não apenas viola a lei, mas também explora a vulnerabilidade de cidadãos que buscam auxílio em momentos de fragilidade. É um crime que compromete a credibilidade do sistema de justiça e a imagem da advocacia, o que reforça a necessidade da adoção de métodos de segurança cada vez mais sofisticados para proteger profissionais e clientes”, diz o advogado Guido Tiepolo.

“Para se resguardar do golpe do falso advogado, o cidadão, antes de passar quaisquer informações, deve sempre entrar em contato direto com seu advogado ou escritório e confirmar se houve algum contato, verificar referências, sobretudo se o número do telefone corresponde ao número do seu advogado e jamais realizar quaisquer pagamentos ou fornecer dados bancários. Em tempos de golpes cada vez mais
sofisticados, a checagem prévia das informações é a principal aliada para evitar prejuízos”, esclarece Guido.

“Constatada a tentativa de golpe, a orientação é que o número seja denunciado ao aplicativo e bloqueado. Caso o golpe tenha se concretizado, o cidadão deve fazer um registro de ocorrência, apresentar documentos que comprovem a prática do crime, como prints de mensagens trocadas com o golpista e a tela contendo os dados do número telefônico utilizado pelo criminoso, cópias de documentos de processos judiciais (fictícios ou não) que o golpista tenha enviado durante as conversas e o comprovante de pagamento. É importante também fazer contato com o banco e tentar bloquear a transação”, orienta Guido Tiepolo, que é advogado e Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB/Niterói.
Como se proteger

O golpe do falso advogado é um reflexo da vulnerabilidade criada pela digitalização dos processos judiciais e pela ansiedade de quem aguarda indenizações ou precatórios. A combinação de dados reais com técnicas de manipulação psicológica torna a fraude extremamente convincente. A melhor defesa é a informação: conhecer o modus operandi, verificar sempre a identidade do profissional e nunca realizar pagamentos sem confirmação oficial.

Desconfie de pedidos de pagamento antecipado, já que nenhum advogado legítimo solicita valores extras para liberar indenizações; Confirme a informação diretamente com seu advogado, usando canais oficiais e contatos já conhecidos; Cheque registros na OAB, que mantém sistemas de consulta pública para verificar se o profissional é real; Atenção a sinais de urgência, uma vez que a pressa e insistência em transferências imediatas são indícios claros de fraude; e se guie pelas cartilhas de prevenção, já que a OAB e tribunais federais já publicaram guias explicativos para orientar cidadãos.