Nelson Freitas é diretor de Cultura da ALERJ (Assembleia Legislativa do Estado do RJ) e idealizador do "Projeto Sons da Independência" Divulgação

Existem lugares que todo mundo sonha um dia em visitar. Cidades como Paris, Londres, Roma, Nova York ou o Antigo Egito e as Muralhas da China. O Rio de Janeiro é um desses lugares. Uma cidade cercada por floresta e rochas que irrompem pelo mar-esmeralda; onde a mistura de culturas deu origem a ritmos que se tornaram universais como o Choro, o Samba e a Bossa Nova; e onde existe a única cidade das Américas capital de um Império Europeu fora do continente europeu: a “Cidade Maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro”. Mas, por diversos fatores, essas atrações chegam ao século 21 pouco aproveitadas.

O turismo é um dos caminhos mais consistentes a ser percorrido para impulsionar a economia, sobretudo por gerar empregos. Com a média de um a cada dez postos de trabalho gerados no mundo, o mercado de geração de renda e empregos do turismo é maior que os setores de cuidados com a saúde e tecnologia da informação. E o Rio tem o potencial para explorar o setor como alavanca de seu projeto próprio de desenvolvimento e emancipação política.

Após a pandemia, as previsões do mercado apontam para uma grande competitividade entre os países e pequena demanda mundial por viagens. Precisamos fazer o dever de casa. E a boa notícia é que uma parte considerável desses poucos viajantes é representada pelos turistas de alto poder aquisitivo, que já conhecem toda a Europa, assistiram os musicais da Broadway, fizeram safari no Quênia e mergulharam no Caribe ou na Tailândia. Essas pessoas, que buscam novas experiências, estão ávidas a conhecer países com histórias interessantes e “provar” de novos sons e sabores. E o que poderia ser mais sedutor do que o Estado do Rio, que reúne cerca de 400 manifestações culturais diferentes em 92 municípios com singular diversidade geográfica entre a serra e o mar?

Por esses e outros fatores, faz-se de fundamental importância trabalharmos na criação de um pacto político para a construção de novos projetos de desenvolvimento para o Rio, sobretudo pelo olhar das diferentes manifestações culturais e do imenso patrimônio histórico, artístico, arquitetônico e natural.

Sendo a economia uma necessidade humana, sobretudo por consistir em tudo o que se precisa para sobreviver, é nesse contexto que a economia criativa, a qual o Rio está vocacionado, gerada pelos trabalhadores das artes, se apresenta como fonte indissociável do desenvolvimento econômico e social.

Se a realidade da Economia criativa já apresentava queda desde de 2014, ano em que o Brasil sentiu os efeitos da crise econômica mundial, no Rio esses efeitos foram agravados pela crise política, chegando a atingir uma atmosfera de caos em 2017, quando a iniciativa privada retirou os aportes à Cultura no estado fluminense. E, quando o ano de 2019 apontava uma perspectiva de retomada econômica para o setor, chegou a pandemia.

A Cultura é uma poderosa ferramenta de produção de sustentabilidade, não apenas econômica, mas também pela capacidade de construir vínculos que transcendem a ideologia, a religião. Nesse contexto, só uma política de Cultura séria, criada para construir vínculos da sociedade com a sua própria memória, será capaz de atrair pessoas do país e do mundo inteiro interessadas nos diferentes tipos de legado histórico, com singular riqueza e esplendor que só o Rio produz. Venha conosco nessa viagem!
Nelson Freitas é diretor de Cultura da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e idealizador do “Projeto Sons da Independência”