*Livia Marques, psicóloga Divulgação
Sim! Estar no front e lutando frente a tantas violências que oprimem e violentam é dolorido. Ou será que pessoas negras não podem ter emoções? Ou será que não podem se expressar? Possivelmente, ambos os casos.
Quais são os posicionamentos que se tem? Não se tem. Será que existe uma normalização nisso tudo? Interessante dizer que se caso a pessoa reaja e fale algo, ela pode ser entendida como alguém que é arrogante, violenta ou “raivosa”.
Caso chore, a pessoa é considerada fraca. Os julgamentos sempre colocam a pessoa nos extremos. Ou se inferioriza ou se percebe como uma pessoa muito ruim.
O racismo adoece e muito. Lutar o tempo todo contra algo que impacta a sua existência. O quanto que adoece a cada um de nós. Para a população negra é sobre lutar pela existência e contra o processo de opressão e violência.
Mas, caso a pessoa fale e diga com todas as letras que aquilo é racismo, logo somos taxados como militantes e raivosos. Para estereótipos que associam pessoas negras ao papel de desumanos serve, não é?
O fato aqui é que o racismo desumaniza, como Frantz Fanon e Abdias Nascimento nos trazem perfeitamente em páginas dos livros “Pele Negra, máscaras brancas” e “O genocídio do Negro Brasileiro. Processo de um racismo mascarado” que, por vezes, precisamos parar e respirar.
Quando abordamos o assunto racismo e saúde mental da população negra, percebemos o quanto o adoecer dessas pessoas ainda é invalidado e ainda pouco abordado.
A escritora Conceição Evaristo nos traz uma reflexão com relação à luta que é bastante pertinente para o caso: “eles combinaram de nos matar, mas a gente combinamos de não morrer”.
* Livia Marques é psicóloga clínica, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental, estudiosa em relações raciais e saúde mental negra
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