Operação aconteceu nesta quinta-feiraReginaldo Pimenta
Por RAI AQUINO e ANDERSON JUSTINO
Publicado 03/10/2019 06:45 | Atualizado 03/10/2019 14:12
Rio - A Polícia Civil fez, na manhã desta quinta-feira, uma operação para prender suspeitos de envolvimento no sumiço das armas usadas nos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, no dia 14 de março de 2018. Dentre os alvos da Operação Submersus, como foi batizada, estão a esposa e um cunhado do PM reformado Ronnie Lessa, de 49 anos, apontado como um dos autores do crime, Elaine Pereira Figueiredo Lessa, 44, e Bruno Pereira Figueiredo, 27, respectivamente.
O próprio PM, que está em um presídio federal em Porto Velho, em Rondônia, foi um dos alvos da operação; além de José Márcio Mantovano, o Márcio Gordo, 46, e Josinaldo Lucas Freitas, o Djaca, 32. Os mandados de prisão e os 20 de busca e apreensão, que foram cumpridos endereços ligados aos suspeitos no Centro e nas zonas Sul e Oeste do Rio, foram expedidos pela 19º Vara Criminal da Capital.
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Elaine foi presa em casa, no condomínio Vivendas da Barra, na Orla do bairro da Zona Oeste do Rio. Djaca foi capturado em sua residência no Itanhangá e Márcio Gordo no Primavera Residencial, em Vila Isabel. Já Bruno se entregou na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), responsável pela operação.
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Os cinco investigados são acusados de ter ocultado armas da quadrilha, dentre elas possivelmente a submetralhadora HK MP5 que teria sido usada para matar Marielle e Anderson, que nunca foi encontrada. Ronnie vai responder pelo crime de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito e associação criminosa, enquanto Elaine, Bruno, Márcio Gordo e Djaca foram indiciados por obstrução da Justiça e associação criminosa.
Os cinco alvos:
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. Ronnie Lessa: preso em RO
. Elaine Lessa: preso
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. Márcio Montavano: preso
. Josinaldo Freitas: preso
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. Bruno Figueiredo: se entregou na DHC
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ARMAS JOGADAS NO MAR
De acordo com as investigações, o grupo foi o responsável por jogar as armas nas águas do mar da Barra da Tijuca, sob o comando de Elaine Lessa. O armamento foi lançado próximo às Ilhas Tijucas um dia depois das prisões de Ronnie e do ex-PM Élcio de Queiroz (outro apontado como autor do crime), na madrugada do dia 13 de março.
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Segundo o Ministério Público estadual (MPRJ), na ocasião, um carro com quatro ocupantes tentou entrar no imóvel alugado por Ronnie na Rua Professor Henrique da Costa, no Pechincha, para retirar pertences do local. Os ocupantes do veículo foram impedidos de entrar no prédio pela administração do condomínio.
Já de tarde, Bruno levou Márcio Gordo até o apartamento de Ronnie e, de lá, retirou uma grande caixa com pertences, como mostram as câmeras de segurança do condomínio, retornando em seguida ao veículo dirigido por Bruno.
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Na manhã seguinte, Márcio Gordo foi ao estacionamento de um supermercado da Barra com seu carro, onde se encontrou com Djaca e retiraram de dentro de um outro veículo caixas, bolsas, malas e seguiram para destinos diferentes.
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Enquanto, Márcio Gordo seguia para um local desconhecido ignorado, Djaca se dirigiu para a colônia de pescadores do Quebra-Mar da Barra, onde alugou os serviços de um barqueiro e atirou todo o conteúdo retirado do apartamento de Ronnie ao mar, sendo possível identificar armas de grosso calibre e peças para a montagem de armas.
Em depoimento à DHC, um pescador revelou que foi contratado por um homem, identificado depois como Djaca, recebendo R$ 300 para levá-lo ao local onde "fuzis e pequenas caixas", que estavam em uma mala e em uma caixa, fossem jogados próximo às Ilhas Tijucas.
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Com o auxílio de mergulhadores do Corpo de Bombeiros e da Marinha, foram realizadas buscas no local, mas nada foi encontrado. A grande profundidade e as águas muito turvas dificultaram o trabalho.
GRANDE APREENSÃO
No mesmo dia da prisão de Ronnie e Élcio, o MPRJ cumpriu um mandado de busca e apreensão em outro endereço ligado ao PM reformado, no Méier, apreendendo grande material bélico e centenas de peças para montagem de armas de fogo de grosso calibre, armazenadas em caixas de papelão.
No dia seguinte, no apartamento de Ronnie no Pechincha, agentes do MPRJ e policiais civis encontraram um torno de bancada, duas chaves para montagem de fuzis, uma ferramenta utilizada no torno e caixas de papelão semelhantes as encontradas no imóvel do Méier, denotando que o local também era utilizado como depósito de armas do PM.
O advogado de Elaine e Ronnie, Fernando Santanna, disse que ela está surpresa com a prisão e que só esteve na DHC para prestar depoimento sobre o caso apenas uma vez. Ele afirmou também que Ronnie não tem envolvimento nas mortes de Marielle e Anderson.
"Ele vai falar a verdade, vai falar o que perguntarem pra ele. Ou seja, vai falar tudo. Vai falar a realidade, que é a negativa da autoria", o advogado avisou.
Já o advogado de Márcio Gordo, Guilherme Pompério, disse que seu cliente esteve na casa de Ronnie apenas para retirar uma caixa de dentro do imóvel.
"Ele reconhece que foi ajudar. A imagem divulgada não comprova que foi retirado algum armamento dali", explicou o advogado, alegando que o Márcio é empresário e amigo de Ronnie. Pompério afirma ainda que vai tentar recorrer da decisão da Justiça e pedir a revogação da prisão de seu cliente.